Conflito em Jaramana: Quatro drusos vitimados em embate com as forças sírias

Num episódio dramático em Jaramana, zona predominantemente drusa, as forças de segurança sírias lançaram um ataque que deixou quatro combatentes drusos mortos. O incidente ocorreu após a divulgação, nas redes sociais, de uma mensagem de voz atribuída a um druso e interpretada como uma ofensa ao Profeta Maomé.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, os ataques foram desencadeados depois de uma mensagem considerada uma blasfémia, aumentando o clima de tensão na área. Estas ocorrências sucedem aos massacres que, um mês atrás, visaram a minoria alauíta no país, num cenário político marcado pela recente ascensão de uma coligação islâmica em dezembro.

Testemunhas relatam ter ouvido disparos durante a noite e constataram que, na manhã seguinte, o ritmo de vida na cidade estava paralisado. Ainda de acordo com fontes do Observatório dos Direitos Humanos do Reino Unido, que conta com uma rede extensa dentro da Síria, as vítimas eram combatentes drusos – embora um meio de comunicação local tenha mencionado um número de cinco mortos.

Autoridades religiosas drusas têm condenado o ataque, afirmando que civis inocentes foram alvejados e responsabilizando as autoridades sírias pelo agravamento da situação. O Ministério do Interior sírio sublinhou a necessidade de manter a ordem pública e anunciou que se encontra a investigar a origem da mensagem que provocou o conflito, com o objetivo de identificar o responsável e levá-lo à justiça.

Os drusos, cuja tradição possui raízes no Islão mas apresenta distinções esotéricas, encontram-se principalmente no Líbano, Síria e Israel. Num contexto de profundas transformações políticas desde o fim do regime de Bashar al-Assad, Israel tem vindo a adotar uma postura mais aberta em relação a esta comunidade. Em março, tensões semelhantes ocorreram em Jaramana, levando a ameaças de intervenção militar por parte de Israel caso as novas autoridades sírias avançassem em ações contra os drusos – uma posição que foi imediatamente refutada por dignitários desta minoria, reafirmando o seu compromisso com a unidade nacional.