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Conclave Sob Tensões: Aumento de Cardeais Retrasa Resultados

há 3 horas

A elevada participação de cardeais no Conclave complicou os rituais e prolongou as votações, conforme revela o historiador Onésimo Diaz à Lusa.

Conclave Sob Tensões: Aumento de Cardeais Retrasa Resultados

O actual Conclave Cardinalício enfrenta atrasos nas votações devido ao número excepcional de cardeais ativos, que totaliza 133, segundo o historiador espanhol Onésimo Diaz, em entrevista à Lusa. Os rituais elaborados realizados diariamente na Capela Sistina, onde cada cardeal se levanta da sua cadeira para depositar o voto em um ambiente repleto de orações e cânticos, estão a contribuir para esse atraso. Normalmente, este procedimento exige cerca de uma hora quando há 60 eleitores, mas agora, com o colégio atual, está a levar muito mais tempo.

“Este conclave é realmente singular, dado o elevado número de participantes”, destacou o professor de História da Igreja da Universidade de Navarra, que é um reconhecido expert em conclaves. “A votação de ontem à tarde foi mais longa do que o habitual, e isso pode impactar o momento da saída do fumo da chaminé, que ontem só se fez sentir às 21:00, muito além do esperado pela Santa Sé.”

No primeiro dia de votações, o fumo negro saiu duas horas depois do que aconteceu no último Conclave, realizado em 2013, refletem os desafios que este conclave específico enfrenta.

A dinâmica de votação inclui duas sessões pela manhã, e, na ausência de uma maioria de dois terços, o fumo negro é sinalizado, um procedimento que se repete à tarde. Onésimo Diaz observou ainda que o espaço da Casa de Santa Marta não tinha capacidade para alojar tantos cardeais, forçando a adaptação de outros locais menores para a realização do conclave.

Além disso, o historiador lembrou que, durante a eleição do Papa Francisco, todos os cardeais tinham espaço suficiente em Santa Marta, enquanto hoje o cenário é diferente. Ele também prevê que, se o processo continuar prolongado, os cardeais poderão demorar ainda mais entre as votações subsequentes.

“As alterações realizadas por João Paulo II na logística do Conclave não devem mudar tão cedo, ainda que haja uma clara tendência para o crescimento do colégio cardinalício, que duplicou desde a era de Paulo VI”, afirmou Diaz. “No Vaticano, tudo é feito a um ritmo próprio, sem pressa, e os cardeais sabem disso.”

Ainda assim, o professor expressou a esperança de que hoje ou até sexta-feira um novo Papa possa ser escolhido. “As votações de ontem permitiram já vislumbrar os favoritos, e há um desejo partilhado entre os cardeais de que o novo líder seja decidido rapidamente para que possam regresso aos seus locais e romper com o silêncio que caracteriza o conclave”, concluiu.

No entanto, a maioria dos cardeais, como admitiu, não deseja ser Papa, com 99% deles relutando em assumir tal responsabilidade. “O lugar onde o novo Papa se veste pela primeira vez é conhecido como o 'quarto das lágrimas', onde se renuncia à vida anterior”, expressou.

O decano dos cardeais pediu um sucessor que se aproxime da figura de São Pedro, ilustrando a necessidade de um líder que reúna as várias sensibilidades e tradições da Igreja moderna, que se vê marcada por divisões entre diferentes correntes ideológicas.

Onésimo Diaz acredita que um futuro Papa deverá refletir essas diferenças, podendo ser até uma figura asiática ou africana, para dar à Igreja uma dimensão ainda mais universal.

Com as votações a decorrem agora no segundo dia, após três dias sem uma maioria definida, os cardeais poderão suspender as votações durante um dia, conforme a tradição. Após a eleição e o sinal do fumo branco, o novo Papa escolherá o seu nome e greeting will be presented aos fiéis na Praça de São Pedro, marcando o final do conclave e permitindo que os cardeais deixem a Casa de Santa Marta. A missa de início de pontificado, ritual seguido por dias mais tarde, é um momento aguardado com expectativa.

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