Comunidades e instituições unem esforços durante apagão

Num cenário de imprevistos causado pelo corte de energia elétrica, as instituições dedicadas ao apoio aos idosos tiveram de encontrar soluções criativas para assegurar o bem-estar dos utentes. Com o apagão a afetar a Península Ibérica na segunda-feira, desde as 11:30, muitos lares viram-se forçados a recorrer à ajuda dos vizinhos para proporcionar o jantar, visto que a cozinha ficou inoperante em várias instalações.

O padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), que representa mais de 500 lares, relatou que, apesar dos almoços estarem devidamente preparados, a falta de energia afetou fortemente as refeições noturnas. Segundo ele, o pânico tomou conta inicialmente, com temores de que a interrupção pudesse ter origens cibernéticas, agravado pela ausência de informações por parte da proteção civil.

Enquanto alguns lares foram obrigados a improvisar a refeição com ajuda externa, os lares das misericórdias mantiveram a normalidade, beneficiando de geradores que permitiram a continuidade dos serviços. Contudo, o serviço de apoio domiciliário enfrentou grandes dificuldades: assistentes tiveram de subir até seis pisos para levar comida, frequentemente contando com a cooperação de autoridades locais para obter combustível para os geradores.

Outros serviços, como o Centro de Dia da Apoio, em Carnaxide, também sentiram o impacto do apagão. A assistente social Mara Ferreira descreveu as dificuldades de contactar cuidadores e familiares, tendo que recorrer a métodos pouco ortodoxos, como bater em portas e janelas e fazer barulho na rua, para garantir que os idosos recebessem a assistência necessária, sobretudo no que toca aos cuidados de higiene.

Apesar dos constrangimentos, pequenos momentos de descontração foram organizados, como um jogo de cultura geral realizado no jardim de uma instituição, tentando amenizar a ansiedade dos utentes, cujas idades variavam entre os 62 e os 96 anos. Hoje, as operações já se encontram normalizadas e o serviço de energia restabelecido, após um período de perturbação que também afetou aeroportos, transportes e o trânsito.