Ex-secretário de Estado Nuno Ribeiro da Silva defende a fiabilidade do sistema elétrico e critica a ideia de que centrais a carvão foram imprescindíveis durante o apagão.
Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia e antigo líder da Endesa Portugal, afirmou que é um "erro técnico" considerar que as centrais a carvão foram indispensáveis na situação ocorrida na última segunda-feira.
O especialista explicou que uma central a carvão necessita de várias dezenas de horas para se estabilizar e começar a gerar energia, contrastando com as centrais a gás, que entram em funcionamento em cerca de 20 minutos. Ele ainda referiu que, durante o apagão, várias centrais a gás estavam em stand-by, pois o sistema beneficiava da importação de eletricidade a preços reduzidos através da interligação com a Espanha.
De acordo com a REN – Redes Energéticas Nacionais, o sistema elétrico português encontra-se interligado ao espanhol, permitindo a utilização de energia mais económica, em especial aquela produzida por centrais solares. Em vigor esta estratégia, que tem sido normal nos últimos dias, acentuando a importância das interligações para a segurança do abastecimento.
O ex-funcionário público criticou ainda as opiniões de figuras como o ex-ministro da Indústria e Energia, Luís Mira Amaral, que considerou inadequado o encerramento das centrais a carvão. Para Nuno Ribeiro da Silva, o sistema, embora sujeito a falhas ocasionais, permanece muito fiável e beneficia da rede interligada com outros países.
Relativamente aos Relatórios de Monitorização da Segurança de Abastecimento (RMSA) da DGEG, o ex-secretário defendeu que, apesar dos avisos recorrentes, "acidentes sempre podem ocorrer" e que é necessário ponderar o equilíbrio entre a redução de riscos e os custos associados à sua mitigação. Segundo ele, o relatório técnico que se encontra a ser elaborado provavelmente indicará um erro humano na operação da rede em Espanha como causa do incidente.