Governo adia celebrações históricas do 25 de Abril, provocando críticas de que a decisão visa agradar eleitorados de partidos rivais e desvalorizar a memória democrática.
Lisboa – Em declarações à imprensa, Rui Tavares, co-porta-voz do Livre, criticou a decisão do Governo de anular a presença do primeiro-ministro Luís Montenegro em eventos commemorativos do 25 de Abril, acusando-o de agir de forma "sonsa" para cativar o eleitorado de partidos rivais, nomeadamente o Chega.
Rui Tavares reforçou a importância histórica do 25 de Abril, afirmando que esta data confere a legitimidade democrática dos governos em Portugal. Segundo ele, o Governo não demonstrou vontade política nem criatividade, sugerindo que teria sido possível iniciar o luto nacional já a partir do dia 26, aproveitando a coincidência com as cerimónias fúnebres do Papa Francisco, sem contudo desrespeitar as celebrações.
O dirigente do Livre criticou ainda a decisão de postergar para 1 de Maio as festividades da Revolução dos Cravos, defendendo que o 25 de Abril, no próprio dia 25, deveria ser celebrado como o marco dos 50 anos do primeiro voto livre, universal e inclusivo em Portugal. Para Tavares, a alteração das datas demonstra uma ingratidão para com o valor do voto e o percurso democrático conquistado com tanto esforço.
Recordando que muitos católicos lutaram na defesa da liberdade durante o 25 de Abril, mesmo tendo sido perseguidos pela PIDE, Tavares salientou que não há contradição em sentir tristeza pela perda do Papa Francisco e simultaneamente celebrar a vitória da democracia.
Ao ser questionado sobre eventuais críticas no discurso do Livre durante a sessão solene no parlamento, Tavares reservou comentários, atribuindo à líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, a responsabilidade pela abordagem oficial do tema.
Para complementar, os jardins da residência oficial do primeiro-ministro em São Bento abrirão ao público no dia 25 de Abril, das 10:00 às 17:00, com distribuição de cravos, embora sem festa e sem a presença de Luís Montenegro, que se deslocará a Roma para participar nos rituais fúnebres do Papa Francisco. Segundo fontes do gabinete, a alteração na data das celebrações oficiais deve-se ao respeito pelo luto nacional e pela memória do pontífice.