Política

BE fortalece coligações à esquerda nas autárquicas após desafios nas legislativas

O Bloco de Esquerda já formou cerca de 20 coligações para as autárquicas de outubro, um aumento considerável desde 2021, enquanto procura recuperar após o revés nas legislativas.

há 9 horas
BE fortalece coligações à esquerda nas autárquicas após desafios nas legislativas

O Bloco de Esquerda (BE) anunciou a formação de aproximadamente duas dezenas de coligações à esquerda para as eleições autárquicas de outubro, um crescimento notável em comparação com as eleições de 2021. Este movimento surge numa fase em que o partido procura recuperar do insucesso nas recentes legislativas.

No passado mês de outubro, a 5.ª Conferência Nacional do BE, realizada no Porto, estabeleceu uma estratégia clara para as autárquicas, sublinhando a intenção de "sempre que possível, criar alianças sociais em projetos locais de transformação política à esquerda, alternativas à governação autárquica do PS e do PSD".

Em Lisboa, o BE manifestou abertura para integrar uma coligação à esquerda que inclua o PS, com o objetivo de derrotar Carlos Moedas, do PSD. Esta coligação, que tem a socialista Alexandra Leitão como candidata principal, foi anunciada a 17 de julho e conta com a participação do PS, Livre, BE e PAN, sob o lema "Viver Lisboa".

Esta aliança destaca-se como uma das mais relevantes para o BE nas próximas eleições autárquicas. Segundo Isabel Pires, membro da direção encarregue deste processo, o partido ainda está a compor listas autárquicas em todos os distritos, mantendo a sua presença em localidades onde tradicionalmente tem concorrido. Até ao momento, cerca de duas dezenas de coligações foram estabelecidas.

Este número provisório já ultrapassa as duas coligações da última eleição autárquica, em 2021, que ocorreram em Oeiras e Funchal. Entre os novos acordos, destacam-se parcerias em Albufeira e Ponta Delgada com o PS e PAN, além de coligações com Livre e PAN em Cascais, Figueira da Foz, Leiria, Loures, Odivelas, Olhão, Portimão e Silves. Existem ainda coligações apenas com o Livre em Barreiro, Castelo Branco, Loulé, Odemira e Santarém, assim como uma aliança em Oeiras com o Livre, Volt e o movimento independente "Evoluir Oeiras".

Em algumas autarquias, o BE aposta em nomes representativos, como o ex-deputado José Manuel Pureza, que liderará a lista para Coimbra, e o antigo líder parlamentar Pedro Filipe Soares, candidato em Matosinhos. No Porto, o partido apresenta o independente Sérgio Aires como candidato.

Atualmente, o BE conta com cinco vereadores eleitos nas câmaras de Lisboa, Almada, Porto e Salvaterra de Magos, englobando o mandato da coligação "Evoluir Oeiras". Nas eleições de 2021, o partido obteve a quinta posição a nível nacional, com 2,75% dos votos, sem conseguir conquistar qualquer câmara e assistindo a uma significativa redução no número de vereadores, que eram doze até então.

A coordenação nacional do BE, liderada por Mariana Mortágua, tem enfatizado a importância das alianças à esquerda, especialmente após as eleições legislativas de maio, onde o partido ficou reduzido a apenas uma deputada, marcando o seu pior resultado histórico.

O contexto das autárquicas é especialmente crítico para o BE, que agendará a sua XIV Convenção Nacional para novembro, onde quatro moções opositoras à liderança de Mortágua questionarão a democracia interna e solicitarão mais atenção às bases.

Quando questionada sobre os objetivos eleitorais, Isabel Pires afirmou que o BE pretende "reforçar a sua representação nos órgãos autárquicos, garantindo que as suas propostas - particularmente nas áreas da habitação, ambiente e mobilidade - sejam incluídas nas agendas locais".

"Diante de um cenário político complexo, com uma maioria parlamentar à direita, o Bloco irá centrar a sua campanha na defesa de serviços públicos acessíveis e na construção de alternativas às políticas liberais, almejando assim aumentar a sua influência nas autarquias locais", acrescentou Pires.

As eleições autárquicas estão marcadas para o dia 12 de outubro.

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