Aumento salarial à vista? Cuidado com o IRS em 2026!
A redução das taxas de IRS pode resultar num aumento dos salários, mas os contribuintes devem estar atentos ao possível impacto nos reembolsos em 2026.

A anunciada diminuição nas taxas do IRS, prevista para ter efeito já em agosto, trará um pequeno aumento nos salários de muitos portugueses. Contudo, é crucial ter em mente que o reembolso de IRS em 2026 — relativo aos rendimentos de 2025 — pode ser inferior ao habitual, como já se verificou este ano.
A lógica é simples: com as novas taxas, os cidadãos anteciparão menos dinheiro ao Estado, o que implicará que, no momento do acerto de contas em 2026, o valor a ser recebido poderá ser menor. Algumas pessoas poderão até acabar por ter que pagar imposto.
A DECO PROTeste alerta que "se os contribuintes vão adiantar menos dinheiro ao Estado nos seus descontos mensais, é muito provável que tenham direito a receber menos em 2026". Além disso, ressalta que alguns que normalmente recebiam reembolsos poderão, no próximo ano, ter de pagar IRS. Este acerto vai ser feito a partir de abril de 2026, com a entrega da declaração de IRS.
Na prática, as alterações nas retenções mensais "terão um impacto significativo no orçamento familiar", adianta a DECO PROTeste, que recomenda um maior planeamento das despesas ao longo do ano. Em 2024, muitos contribuintes já foram apanhados de surpresa ao terem que pagar mais IRS do que o previsto ou ao não receberem os habituais reembolsos.
Isto aconteceu devido à retenção reduzida de imposto durante o ano, um cenário que pode repetir-se em 2025, afetando os valores a reembolsar ou a pagar em 2026.
Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas, considera a redução das taxas de IRS "necessária" e "positiva" para a classe média, que suporta grande parte da carga fiscal. No entanto, advertiu que as novas tabelas de retenção terão um reflexo direto no acerto final e que as expectativas de reembolsos significativos podem não se concretizar.
O Conselho de Ministros aprovou, recentemente, uma proposta de lei para uma nova diminuição no IRS de 500 milhões de euros, a ser implementada este ano, com o objetivo de aliviar a carga fiscal em todos os escalões até ao 8.º. Esta medida, que entrará em vigor retroativamente a janeiro, visa fazer com que as retenções se aproximem o mais possível do valor realmente devido.