"Aumento do uso de armas químicas pela Rússia levanta preocupações internacionais"
O ministro da Defesa dos Países Baixos revelou que a Rússia intensifica a utilização de armas químicas na guerra na Ucrânia, normalizando práticas ilegais.

A situação na Ucrânia agrava-se com a confirmação, por parte do ministro da Defesa neerlandês, Ruben Brekelmans, de que a Rússia está a “intensificar” o uso de armas químicas. Segundo informações dos serviços de inteligência dos Países Baixos e da Alemanha, esta prática envolve a utilização de um agente asfixiante, lançado por drones, para expulsar soldados de suas posições defensivas.
Brekelmans alertou que a normalização do uso de armas químicas por parte da Rússia representa uma tendência preocupante, que se tem vindo a observar ao longo dos últimos anos. “Podemos confirmar que a utilização de armas químicas está a tornar-se mais padronizada e generalizada”, afirmou à Reuters.
O Serviço Federal de Inteligência da Alemanha corroborou as alegações neerlandesas, indicando que a Rússia tem intensificado os seus esforços na pesquisa e recrutamento de cientistas para o desenvolvimento de armas químicas, instituindo um “procedimento operacional” quase permanente.
Peter Reesink, diretor da Agência de Informação Militar dos Países Baixos (MIVD), destacou que a utilização de cloropicrina – uma substância química com históricos de uso militar na Primeira Guerra Mundial e banida pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) – está a ser associada a munições improvisadas e ataques aéreos.
Na madrugada de hoje, a Rússia lançou os maiores ataques à Ucrânia desde o início do conflito em 2022, conforme relatou o porta-voz da Força Aérea Ucraniana. Os Estados Unidos já tinham anteriormente acusado a Rússia de usar cloropicrina em maio do ano passado, uma substância que causa irritação severa na pele e nas vias respiratórias.
O ministro neerlandês pediu a implementação de sanções adicionais contra a Rússia, além de barrar a sua participação em organismos internacionais como o Conselho Executivo da OPAQ. Ele ainda informou que pelo menos três mortes relacionadas a armas químicas foram registadas e mais de 2.500 pessoas no campo de batalha relataram sintomas compatíveis com a exposição a estes agentes.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, contra-atacou, anunciando que as autoridades russas descobriram um esconderijo ucraniano com engenhos explosivos contendo cloropicrina, uma acusação que Kyiv refutou.
A OPAQ considerou, no último ano, que as alegações de ambos os lados eram "insuficientemente fundamentadas". As conclusões dos serviços de inteligência neerlandeses foram apresentadas numa carta ao Parlamento do país nesta sexta-feira.