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Ativistas de Luanda reafirmam marcha contra aumentos de preços após confrontos com a polícia

Em Luanda, ativistas denunciam intimidações da polícia durante conferência de imprensa em que relembram manifestação prevista contra a subida dos preços de combustíveis e transportes.

há 4 horas
Ativistas de Luanda reafirmam marcha contra aumentos de preços após confrontos com a polícia

Hoje, em Luanda, ativistas do movimento social que se opõe ao aumento no preço do combustível realizaram uma conferência de imprensa para reafirmar a sua determinação em realizar uma marcha, marcada para este sábado. Esta ação visa contestar a recente subida dos preços de transportes e combustíveis, numa atmosfera carregada de tensão e indignação.

Enquanto os organizadores preparavam o espaço no Largo Cesário Verde, no bairro Vila Alice, para receber os jornalistas, agentes da polícia intervieram, exigindo a remoção do material relacionado com o evento. Esta presença provocou a indignação dos ativistas, que rapidamente começaram a transmitir ao vivo nas redes sociais, denunciando as táticas intimidatórias da polícia.

“Estamos aqui todos para esta conferência de imprensa, mas a polícia já tentaram impedir a sua realização. Recebemos uma carta do Governo autorizando a marcha, e agora estamos a ser confrontados com esta situação”, lamentou a ativista Laura Macedo nas redes sociais. Laura criticou duramente a atuação da polícia, que chegou a forçar a retirada do dístico explicativo de sua ação.

Gilson da Silva Moreira, conhecido como "Tanaice Neutro", também expressou sua indignação através de uma transmissão ao vivo, direcionando suas críticas ao presidente João Lourenço, afirmando que ele “não compreende as necessidades do povo” e que a polícia deveria ser mais solidária, pois também enfrenta as dificuldades da vida quotidiana.

Após quase 40 minutos de tensão, quando a conferência parecia ameaçada, os ativistas lograram fixar novamente o dístico com a mensagem: “Combustível sobe, a vida para! O povo não aguenta mais!”, manifestando assim a sua oposição ao aumento dos preços, que vem a agravar as condições de vida.

Recentemente, as tarifas de táxi e autocarros foram aumentadas, passando a ser de 300 e 200 kwanzas, respetivamente, como consequência do aumento do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro.

O ativista Adilson Manuel anunciou que a marcha, prevista para sair do Largo do Mercado de São Paulo em direção ao Largo da Maianga, teve uma "resposta positiva" do Governo Provincial de Luanda. Contudo, em reuniões com a polícia, esta tentou sugerir uma alteração do ponto de concentração da marcha, algo que o movimento considera como um desrespeito pelas normas.

Neste contexto, os ativistas garantem que irão cumprir o previsto e apelam à população para se juntar à marcha “pacífica e ordeira”, convocando também a polícia a assegurar a segurança dos manifestantes.

O governo, num comunicado assinado pelo seu gabinete, declarou que não existem impedimentos à realização da marcha, recomendando aos organizadores que contactem o Comando da Polícia para a coordenação das medidas de segurança e definição do itinerário.

A Lusa tentou consultar o porta-voz da polícia em Luanda para obter um comentário, mas até ao momento não recebeu resposta.

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