Apagão leva à morte de mulher dependente de ventilador em Lisboa

Dias depois de a Proteção Civil afirmar que o apagão de segunda-feira, 28 de abril, não causou vítimas em Portugal, um caso trágico foi revelado. Uma mulher de 77 anos, residente no Cacém, no distrito de Lisboa, morreu devido à interrupção de energia.

O seu filho, visivelmente afetado, relatou que a mãe dependia de um ventilador mecânico, do qual necessitava 24 horas por dia. "Se não houvesse apagão, a minha mãe estaria viva", expressou António, lembrando que tentou contactar o INEM em busca de assistência, mas a chegada da viatura ocorreu tarde demais.

A mulher estava a utilizar um ventilador que ficou sem bateria, o que resultou na sua morte. "Quando liguei para o INEM, a bateria estava a meio. Eles demoraram a chegar e, quando finalmente apareceram, já não havia nada a fazer", contou, em lágrimas.

O INEM, por sua vez, explicou que a chamada foi recebida às 15h52 e a equipa chegou ao local às 16h28, já após a mulher ter entrado em paragem cardiorrespiratória. De acordo com o instituto, o atraso na resposta é atribuído a problemas de trânsito na área.

António criticou ainda a atuação dos bombeiros que, segundo ele, pareceram desorientados devido à falta de comunicação do SIRESP. "Sentimo-nos impotentes. A minha mãe morreu a olhar para mim, a pedir ajuda", desabafou.

O Ministério da Saúde, ao tomar conhecimento da situação, anunciou a abertura de uma investigação pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), buscando esclarecer as condições em que se deu a morte.

O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, Rui Lázaro, lamentou o ocorrido e destacou que a falha da assistência pré-hospitalar deve ser rigorosamente investigada, considerando inaceitáveis os 36 minutos de espera.

Ainda não se conhece o resultado da autópsia nem a data do funeral. Além do mais, o apagão afetou gravemente o país, resultando em o encerramento de aeroportos e congestionamento nas principais vias de circulação.