Angola enfrenta desafios de liquidez e atrasa pagamentos a empresas

A ministra angolana das Finanças, Vera Daves, reconheceu, durante entrevista à Lusa em Washington, que a atual situação de liquidez tem sido a principal causa dos atrasos nos pagamentos a empresas que mantêm contratos com o Estado desde outubro de 2024. Em contexto de reuniões do FMI e do Banco Mundial, a ministra reafirmou o compromisso do governo em honrar as suas obrigações, afirmando que o Estado continuará a agir com responsabilidade fiscal.

"O serviço da dívida consome metade da nossa despesa total, pelo que temos de ser exigentes. Continuaremos a reduzir o peso desta despesa no orçamento para libertar liquidez e fomentar despesas de bens, serviços e investimentos de capital," declarou a governante.

A funcionária do Ministério das Finanças destacou que a questão é primordialmente de tesouraria, sublinhando a necessidade de aumentar a receita, gerir a dívida de forma responsável e otimizar os gastos públicos. Apesar de alguns pagamentos já terem sido efetuados, a duração média dos atrasos ultrapassa os 90 dias pretendidos.

Vera Daves admitiu que não é possível antecipar uma data para a total regularização da situação, pois depende das iniciativas do governo para mobilizar os fundos necessários. "À medida que formos mobilizando liquidez, também vamos efetuando os pagamentos," garantiu.

A ministra ainda encorajou os empresários a ampliar as suas operações para além dos contratos com o Estado, referindo que a concentração elevada (entre 80% e 90% da atividade) num único cliente representa uma exposição importante. O incentivo foi no sentido de diversificar os portfólios, explorando as oportunidades do setor privado e de outros países da região, como a Namíbia ou a Zâmbia.