Uma ONG denuncia que a falta de financiamento internacional coloca em perigo a vida de meio milhão de crianças na Somália, onde a crise humanitária se agrava devido a conflitos e alterações climáticas.
A Somália enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com cerca de meio milhão de crianças em risco de morrer à fome, segundo um alerta da ONG Care. O país, um dos mais afetados pelas alterações climáticas, vive também sob o impacto de uma resistência armada liderada pelos Shebab, que têm intensificado os seus ataques nos últimos meses.
A situação é alarmante: cerca de 4,6 milhões de pessoas em uma população total de aproximadamente 18 milhões precisam de assistência, e o número de crianças com menos de cinco anos a sofrer de subnutrição grave subiu para 1,8 milhões, um aumento dramático em poucos meses.
"Destes, cerca de 479.000 crianças correm risco iminente de morte sem intervenção imediata”, explica a Care, que lamenta os cortes nos programas de alimentação devido à escassez de fundos.
"Diariamente, enfrentamos tragédias humanas nos centros que administramos", afirmou Ummy Dubow, Diretora da Care Somália. "As mães sacrificam a própria alimentação e as raparigas são retiradas da escola para ajudar as suas famílias. Sem ajuda urgente, muitas vidas podem ser perdidas", alerta.
O plano da ONU para a Somália está apenas 11% financiado, com menos de 183 milhões de euros disponíveis dos aproximadamente 1,3 mil milhões necessários. Além disso, a administração Trump, a maior doadora global, anunciou cortes significativos na ajuda humanitária.
No contexto de um aumento de 3,9 milhões de deslocados internos, principalmente em torno da capital Mogadíscio, a insegurança só tende a aumentar. Os ataques dos Shebab, como o recente disparo de morteiros perto do aeroporto, levantam preocupações sobre a estabilidade e o apoio militar, que parece cada vez mais frágil.