A força aérea do regime militar do Myanmar atacou uma escola, causando a morte de 22 pessoas, entre as quais 20 crianças. Este incidente ocorre no contexto de um cessar-fogo humanitário em vigor.
Um bombardeio realizado pela Força Aérea da junta militar de Myanmar, ocorrido na manhã de hoje, resultou na morte de 22 indivíduos, incluindo 20 crianças, na aldeia de Oe Htein Kwin. Segundo relatos de testemunhas, o ataque teve lugar por volta das 10:00 (04:30 em Lisboa) e a escola estava localizada a cerca de 100 quilómetros do epicentro do recente sismo que devastou a região, tirando a vida a quase 3.800 pessoas no final de março.
Uma professora da escola, que preferiu manter-se anónima, descreveu a cena caótica: "Tentámos dispersar as crianças, mas o avião estava demasiado rápido e lançou as suas bombas", confirmou. O edifício escolar foi severamente danificado, com o telhado de metal destruído e grandes buracos nas paredes de tijolo, enquanto várias mochilas deixadas para trás empilhavam-se junto a um poste onde estava a bandeira birmanesa.
Apesar do alegado ataque, o porta-voz da junta militar desmentiu as informações, afirmando que se tratavam de "notícias fabricadas" e que não houve alvos civis atacados. Desde o golpe de Estado em 2021, Myanmar tem estado mergulhado numa guerra civil, com a junta militar a enfrentar várias forças opositoras, incluindo minorias étnicas e movimentos pró-democracia.
As autoridades militares declararam uma trégua humanitária até ao final do mês, com o intuito de facilitar os esforços de ajuda e reconstrução após o sismo de magnitude 7,7. Contudo, este cessar-fogo não impediu a realização de ataques aéreos, nem a resposta dos adversários. No momento, dezenas de milhares de pessoas ainda estão desalojadas, enfrentando a aproximação da época das monções.
Jagan Chapagain, secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha, alertou para a situação alarmante: "As necessidades são imensas... o tempo não está do nosso lado". As Nações Unidas e observadores afirmaram que a junta prossegue com os bombardeamentos aéreos, mesmo após a declaração de cessar-fogo, com mais de 200 civis a perderem a vida desde o sismo em pelo menos 243 ataques militares, incluindo 171 aéreos.
Apesar das promessas de suspensão de hostilidades por diversos grupos armados, indivíduos do leste de Myanmar relataram deslocações forçadas devido a ofensivas das forças anti-junta nas áreas controladas pela junta, numa rota comercial significativa para a Tailândia.