Economia

A Lã dos Ovelhas Alentejanas: Desafios e Novas Oportunidades

há 8 horas

Criadores de ovinos enfrentam dificuldades para vender lã devido ao domínio das fibras sintéticas, mas a autorização de exportações para a China renova a esperança no setor.

A Lã dos Ovelhas Alentejanas: Desafios e Novas Oportunidades

A produção de lã entre os criadores de ovinos no Alentejo tem enfrentado significativos desafios nos últimos tempos, especialmente devido à crescente preferência da indústria têxtil por fibras sintéticas. O resultado tem sido uma crise prolongada, que, segundo Miguel Madeira, vice-presidente da ACOS - Associação de Agricultores do Sul, se iniciou nos anos 70, mas que se acentuou nas últimas décadas.

De acordo com Madeira, a desindustrialização incentivada pela política europeia levou a uma transferência gradual da indústria têxtil para outros países, sobretudo para a China. Como consequência, a falta de instalações para lavar a lã tornou-se um importante obstáculo para os produtores, que se vêem obrigados a procurar soluções em países como Uruguai e Espanha para realizar este processo essencial.

O embargo sanitário que a China impôs a Portugal e Espanha, proibindo a exportação de lã não lavada, agravou ainda mais a situação do setor, com os circuitos comerciais temporariamente interrompidos. Atualmente, a boa notícia é que as exportações de lã para a China já podem ser retomadas, embora a reestruturação completa dos canais comerciais leve tempo, conforme sublinha o técnico da ACOS.

Apesar do atual desinteresse no setor, que resultou em escoamentos limitados e numa acumulação de lã nas instalações dos produtores e nas associações, há sinais de esperança. Este ano, algumas transações já estão a ocorrer, embora os preços ainda sejam insatisfatórios e não cobram os custos associados à produção, como a tosquia, que varia entre 1,89 e 2 euros por ovelha.

Madeira considera que a chave para revitalizar o setor está na valorização da lã através de novas experiências e inovações, como a conversão da lã em pellets para uso agrícola. “Temos potencial e vamos continuar a trabalhar para valorizar este produto,” reforça.

Em 24 de outubro do ano passado, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) anunciou a reabertura das exportações de lã não lavada para a China, após a assinatura de um protocolo entre os dois países. Esta decisão representa um passo positivo para retomar a confiança no setor.

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