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A Influência da Microbiota Intestinal no Transtorno Obsessivo Compulsivo

Um estudo recente revela que a microbiota intestinal pode ter um papel importante nas origens do TOC, indicando que as bactérias do nosso intestino podem influenciar esta condição mental.

07/07/2025 22:45
A Influência da Microbiota Intestinal no Transtorno Obsessivo Compulsivo

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é uma condição de saúde mental que afeta até 3% da população mundial e continua a apresentar desafios significativos no seu tratamento eficaz.

O mais recente estudo publicado no Journal of Affective Disorders apresenta uma nova perspetiva sobre as causas do TOC, mostrando que as bactérias presentes no intestino podem estar ligadas ao desenvolvimento desta condição.

Investigadores da Universidade Médica de Chongqing, na China, realizaram um estudo sobre a microbiota intestinal - a variada comunidade de microrganismos que reside no nosso trato digestivo - e descobriram seis tipos de bactérias que potencialmente se relacionam com o TOC.

Embora já existam investigações que demonstram a conexão entre o cérebro e o intestino, este estudo é pioneiro ao evidenciar a possibilidade de que as bactérias intestinais possam realmente contribuir para a etiologia do TOC. Os investigadores aplicaram dados genéticos para solidificar a hipótese de causalidade.

Os autores comentaram: “Estudos prévios sugeriram uma ligação entre a microbiota intestinal e o TOC. Contudo, a relação causal específica permanecia em aberto.” A pesquisa revelou que uma microbiota intestinal particular pode estar diretamente relacionada ao TOC, apresentando potenciais estratégias para o tratamento e a prevenção da doença.

A equipa utilizou um método genético denominado randomização mendeliana, que permite deduzir relações causais a partir de variantes genéticas que impactam tanto o TOC quanto as bactérias intestinais. Foram analisadas as correlações entre dados genéticos e bactérias intestinais numa amostra de 18.340 indivíduos, além de avaliar os dados sobre o TOC numa amostra separada de 199.169 pessoas.

Mesmo sendo conjuntos de dados distintos, a randomização mendeliana facilitou a ligação entre os padrões das bactérias intestinais e o TOC. Como os genes são definidos ao nascimento e não sofrem influência do ambiente, este método fortalece a ideia de que as bactérias intestinais podem ter um papel ativo no TOC, em vez de serem apenas um reflexo dele.

Apesar disso, mais investigação e estudos controlados serão necessários para confirmar a natureza causal dessa relação.

Tres tipos de bactérias parecem ter um efeito protetor contra o TOC: Proteobacteria, Ruminococcaceae e Bilophila. Por outro lado, três outros tipos, Bacillales, Eubacterium e Lachnospiraceae UCG001, estão associados a um aumento do risco.

É interessante notar que muitas destas bactérias já foram ligadas ao cérebro. Investigações anteriores mostraram que níveis baixos de Ruminococcaceae estão associados à depressão, ampliando assim o nosso conhecimento sobre a relação intestino-cérebro.

Os cientistas sugerem que futuros estudos devem utilizar modelos longitudinais e populações diversas para validar e expandir estas descobertas, assim como uma caracterização mais detalhada dos microrganismos e seus produtos metabólicos para compreender melhor o impacto da microbiota intestinal no TOC.

Se esta linha de investigação se revelar promissora, poderá surgir uma nova abordagem para tratar ou prevenir o TOC através do controlo das populações bacterianas intestinais. Para aqueles que lidam com a doença, bem como para os seus familiares e profissionais de saúde, isso poderá significar uma nova esperança no combate a este transtorno.

Como observam os autores: “Apesar da eficácia de terapias como a terapia cognitivo-comportamental e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, entre 25 a 40 por cento dos pacientes não respondem adequadamente a estes tratamentos.”

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