A Consciencialização sobre o Abandono de Animais em Ascensão

No âmbito do Dia Internacional do Animal Abandonado, a Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA) sublinha uma mudança significativa na forma como a sociedade portuguesa percebe o abandono de animais. Florbela Chaves, vice-presidente da LPDA, revelou à Lusa que actualmente há uma compreensão generalizada de que abandonar um animal «não é uma opção viável» e que «existe uma responsabilização» associada a esta prática.

Florbela Chaves exemplifica que muitas vezes se deparam com situações onde pessoas acolhem animais deixados por familiares que faleceram ou foram institucionalizados e não desejam manter esses animais. «O que ocorre frequentemente, tanto connosco como com outras associações, é que os animais acabam deixados à porta», explicou, esclarecendo que, segundo a lei, isso não é considerado abandono.

Além disso, existem casos em que indivíduos ameaçam abandonar os seus cães ou gatos na rua se a LPDA não encontrar uma solução para eles, uma demanda que a associação nem sempre consegue satisfazer. «Desejamos poder ajudar todos os animais que encontramos, mas a nossa capacidade é limitada», lamentou a vice-presidente.

Com sede em Barcarena, Oeiras, a LPDA tem observado que, na Grande Lisboa, é raro encontrar cães abandonados, embora a situação se apresente diferente relativamente aos gatos, onde se notam novos casos em colónias que antes estavam sob controlo. «Nos locais onde pensávamos ter todos os gatos esterilizados, estão a aparecer novos animais dóceis, um sinal de que tiveram donos», afirmou Florbela Chaves.

Nas áreas circundantes da Grande Lisboa, no entanto, a realidade permanece preocupante, com a persistência de cães abandonados nas ruas. Desde a introdução da criminalização do abandono de animais de companhia, entre 2015 e 2024, as autoridades identificaram 3.014 suspeitos e registaram 6.711 crimes relacionados com este problema.