Os sociais-democratas conservam a liderança, mas a extrema-direita FPÖ surpreende ao triplicar os votos. Debates sobre imigração e serviços públicos marcam um novo capítulo político na capital austríaca.
Viena regista um novo cenário político. Apesar do Partido Social-democrata austríaco (SPÖ) ter conseguido 39,5% dos votos – uma pequena queda face a 2020 – a sua posição de liderança na capital, onde governa desde a Segunda Guerra Mundial, permanece intacta.
Em contrapartida, a extrema-direita FPÖ obteve 20,4%, um salto expressivo se comparado aos 7,1% do ano passado, evidência de uma mudança no panorama eleitoral. A escalada deste partido ocorre num contexto em que, a nível nacional, os sociais-democratas têm 20% e a extrema-direita, 34% de intenções de voto.
Os Verdes conseguiram replicar o desempenho de 2020, atingindo 14,5% dos votos, enquanto o tradicional Partido Popular (ÖVP) sofreu uma queda superior a dez pontos, atingindo os 9,7%. Os Neos, por sua vez, registaram uma subida de dois pontos, alcançando 9,9%, o que abre a possibilidade de renovar a coligação com o SPÖ. Contudo, o autarca social-democrata Michael Ludwig mantém as opções em aberto, descartando qualquer aliança com a extrema-direita e considerando também parcerias com os Verdes ou os democrata-cristãos.
Herbert Kickl, líder do FPÖ, saudou o aumento de votos como um "aviso" à câmara, sublinhando que “os cidadãos, também em Viena, querem mudanças”. A participação eleitoral situou-se nos 61%, num cenário político dinâmico e polarizado.
A capital, conhecida pela qualidade dos seus serviços públicos e pelo modelo de habitação social, foi classificada em vários estudos, nomeadamente pelo The Economist, como uma das cidades com melhor qualidade de vida. No entanto, a hegemonia social-democrata enfrenta desafios, sobretudo entre os jovens das zonas periféricas de trabalhadores, onde o FPÖ tem ganho terreno.
Os debates de eleição centraram-se em questões como a imigração, inflação, delinquência juvenil e a deterioração dos serviços públicos, fatores que beneficiam a retórica da extrema-direita. Adicionalmente, o crescimento do número de residentes estrangeiros, que já ultrapassa um terço da população – em sua maioria sem direito de voto – é interpretado pelos analistas como um elemento determinante para o avanço do FPÖ.