Unilabs enfrenta dificuldade no agendamento de ecografias pelo SNS em vários distritos
A Unilabs admite problemas na marcação de ecografias mamárias e à tiróide através do SNS em seis distritos, destacando a escassez de especialistas.

A Unilabs, empresa líder em diagnóstico clínico em Portugal, está a viver dificuldades significativas na marcação de ecografias mamárias e à tiróide pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Seis dos 14 distritos em que opera já não possuem agenda disponível para estas intervenções, ao contrário do que sucede quando os pacientes optam por seguros de saúde ou atendimento particular.
De acordo com informações fornecidas à Lusa, a Unilabs reconhece que "em algumas zonas geográficas e tipologias de exames verifica-se, efetivamente, alguma dificuldade no acesso". A empresa ressalva que a falta de atualização dos preços convencionados, que não são revistos há mais de 15 anos, está a contribuir para a escassez de profissionais especializados, dificultando ainda mais a realização dos exames necessários.
Uma investigação da Lusa revelou que, na quinta-feira passada, os distritos de Braga, Faro, Lisboa, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu apresentavam uma "pesquisa sem resultados" ao tentarem marcar estes exames pelo SNS. Em contrapartida, quando a escolha recai sobre um seguro de saúde ou a marcação como cliente particular, há disponibilidade em praticamente todos os distritos, com esperas que variam entre cinco e 26 dias. As únicas exceções são Faro, onde não há agenda nem para segurados nem para particulares, e Viseu, que também não permite agendamentos para ecografias mamárias em nenhuma das modalidades.
No Porto, a ecografia mamária é o único exame sem disponibilidade pelo SNS, podendo ser agendada em apenas sete dias se o paciente optar pela modalidade particular ou se tiver um seguro de saúde. Já as ecografias à tiróide enfrentam um período de espera de cerca de 20 dias, estando a única unidade disponível situada em Marco de Canaveses, a mais de 50 quilómetros do Porto.
Em áreas como Coimbra, Guarda e Santarém, os exames mamários e à tiróide não estão sequer disponíveis, independentemente da forma de marcação. Nos distritos de Bragança e Leiria, a pesquisa para agendamento pelo SNS não permite a seleção de quaisquer exames.
Embora a Unilabs reconheça a situação, a empresa garante que está a cumprir com os contratos estabelecidos com o Estado. A entidade afirma estar "totalmente comprometida" em garantir o acesso a estes serviços, independentemente da origem da prescrição, ainda que admita que o acesso a alguns exames não seja tão célere quanto desejado.
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS), questionada sobre a desigualdade no acesso a exames, informou que recebeu diversas queixas de discriminação de utentes do SNS em relação a prestadores convencionados. A ERS emitiu instruções e abriu processos a entidades consideradas em incumprimento, com possíveis sanções financeiras que variam de 1.000 a 44.891,81 euros.
Entre 2021 e julho de 2025, a ERS contabilizou 158 reclamações relacionadas com discriminatórias, destacando um aumento substancial em 2023 e 2024. A Lusa também contactou a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em busca de esclarecimentos, sem obter resposta até ao momento.
Por outro lado, o Portal da Queixa e a Deco têm recebido numerosas denúncias de cancelamentos indevidos e dificuldades no atendimento a utentes do SNS, revelando um padrão preocupante que dá prioridade a cidadãos com seguro de saúde.