Tribunais franceses decidem pela liberdade de Georges Ibrahim Abdallah após 41 anos de prisão
O ativista libanês Georges Ibrahim Abdallah, condenado em 1987 pela morte de diplomatas, será libertado a 25 de julho, após decisões judiciais que debatiam a sua situação.

Um tribunal em França anunciou hoje a libertação de Georges Ibrahim Abdallah, um ativista libanês que, desde 1984, cumpre pena por envolvimento na morte de diplomatas israelitas e norte-americanos em Paris. A libertação está marcada para o dia 25 de julho e ocorre após uma audiência que se desenrolou à porta fechada em Paris, onde Abdallah, de 74 anos, não esteve presente, estando detido na prisão de Lannemezan, nos Hautes-Pyrénées.
Abdallah foi detido após a realização dos assassinatos do adido militar norte-americano Charles Robert Ray e do diplomata israelita Yacov Barsimantov. Apesar de não ter disparado os tiros, foi condenado a prisão perpétua por cumplicidade nas mortes. Os atos foram reivindicados pelas Fações Armadas Revolucionárias Libanesas (LARF), um grupo militante que Abdallah ajudou a fundar em 1978, após ter sido ferido durante a invasão israelita do Líbano.
Conforme reporta o jornal francês RFI, a LARF manteve ligações com outros movimentos de guerrilha de esquerda, incluindo as Brigadas Vermelhas de Itália e o Exército Vermelho da Alemanha. Abdallah, que já foi parte da Frente Popular para a Libertação da Palestina, sempre defendeu as suas crenças políticas, considerando-se um “combatente” e não um “criminoso”. ”O caminho que segui foi-me imposto pelas violações dos direitos humanos perpetradas contra os palestinianos”, afirmou durante o julgamento em 1987.
Ainda que a maioria dos condenados a penas perpétuas em França seja libertada após menos de 30 anos, Abdallah já esteve preso por mais de 41 anos. Embora pudesse ter obtido a liberdade condicional desde 1999, todos os seus 11 pedidos foram recusados.
Uma decisão anterior de um tribunal, em novembro de 2024, condicionou a sua soltura à sua saída de França, mas procuradores antiterroristas interpuseram recurso, sustentando que Abdallah não alterou as suas convicções políticas, levando à suspensão dessa decisão.
Recentemente, em fevereiro deste ano, um grupo de 11 deputados libaneses apelou à França para que considerasse a libertação de Abdallah, culminando na decisão anunciada hoje pelo tribunal de Paris.