"Rui Moreira critica desatenção governamental durante incêndios devastadores"
Rui Moreira condena a realização da Festa do Pontal em plena tragédia dos incêndios, destacando a indiferença de muitos portugueses que estavam a desfrutar das suas férias.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, expressou a sua opinião sobre a recente tragédia dos incêndios em Portugal e a controvérsia gerada pela Festa do Pontal, uma tradicional rentrée política do PSD, que decorreu enquanto parte do país enfrentava chamas devastadoras.
Em declarações à CNN Portugal, Moreira considerou a festa como "uma coisa de mau gosto, desnecessária e vista como insensível por uma parte do país". Ele destacou que, inclusive, "o próprio primeiro-ministro já deve ter percebido que foi de mau gosto". Contudo, o autarca sublinhou que não só os governantes estavam em férias.
"Devemos ser realistas: a esmagadora maioria dos portugueses, enquanto o Interior ardia, estava no Algarve, na Comporta ou na Figueira da Foz, a celebrar em concertos e outras festividades", afirmou, revelando a sua perceção de que Portugal está dividido entre "um país que vive à beira do oceano, em aparente normalidade, e um país deserdado, esquecido e abandonado, que só recebe atenção durante os incêndios".
Moreira apelou a uma “reflexão de consciência” sobre as escolhas que fazemos e que contribuem para esta disparidade.
Relativamente à Festa do Pontal, o autarca argumentou que Luís Montenegro "não deveria estar a combater os incêndios", mas que era necessário que o primeiro-ministro e a ministra da Administração Interna se focassem na gravidade da situação.
Ele concluiu: "Ir ao Pontal não é uma demonstração de atenção para um momento em que parece que o país está a sucumbir ao fogo".
A Festa do Pontal, realizada em Quarteira, no Algarve, foi alvo de duras críticas, uma vez que o Norte e Centro de Portugal enfrentavam incêndios que destruíram vastas áreas de floresta, arrasaram habitações e resultaram na morte de três pessoas.
Enquanto o primeiro-ministro fazia promessas, como a realização do Grande Prémio de Fórmula 1 no Algarve, milhares de bombeiros e cidadãos lutavam nas chamas que devastavam o Interior.
A festa e a presença de Luís Montenegro e da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, foram reprovadas por várias figuras políticas, incluindo o ex-líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, que afirmou que o Pontal foi "um tiro no pé". Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, comparou o anúncio do regresso da Fórmula 1 a uma compensação inadequada para os profissionais de saúde.