Crise interna no PAN: dirigente abandona o barco em meio a críticas severas
Nuno Maria Costa, dirigente do PAN, anuncia desfiliação do partido e critica a direção, alegando falta de ética e coerência nas autárquicas.

Nuno Maria Costa, um dos dirigentes do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), decidiu desfilia-se da formação política, expressando o seu descontentamento em relação à atual liderança. Na carta endereçada à direção do PAN, Nuno, que foi cabeça de lista nas últimas autárquicas, fez questão de salientar que a atual direção afastou-se dos valores fundamentais que outrora defendeu.
O dirigente critica a condução do partido, afirmando que a ética e a confiabilidade são hoje questões problemáticas, além de apontar que a estrutura se encontra “à deriva”, sem direcção política e em desarmonia interna. Referiu ainda a escassez de listas próprias nas próximas autárquicas como um sinal evidente de desmobilização e decadência da base de apoio do partido.
Nuno Maria Costa lamenta que a direção tenha optado por coligações “avulsas e oportunistas”, revelando incoerência nas alianças formadas, questionando como é que se mantém a ideia de “linhas vermelhas” estabelecidas anteriormente.
Além disso, Nuno critica a deterioração da vida interna do partido, destacando a falta de diálogo e renovação ética, onde os militantes com opiniões críticas são frequentemente marginalizados. A falta de autocrítica da liderança e a tendência para rotular opositores de “traidores” foram também apontadas como fraquezas graves.
O dirigente abordou ainda a atuação do PAN no concelho de Oeiras, acusando a sua estrutura de falhar na oposição aos partidos estabelecidos, optando por imitar o PS e o PSD. Referiu a ausência do PAN em um acordo com o movimento Evoluir Oeiras como mais um sinal de desorganização, já que o partido acabou por se unir ao PS, levando a que haja membros do PAN em ambas as candidaturas.
Esta demissão marca a sétima saída do partido de Inês de Sousa Real, desde as eleições legislativas de maio, quando a última conhecida foi a de Vera Matos, que não se vê mais como uma mais-valia para o partido. Em resposta, Inês considerou que as desistências provêm de indivíduos que não estavam verdadeiramente comprometidos com a agenda do PAN.