Mundo

Residentes de Macau clamam por maior clareza nas eleições

Cidadãos, incluindo um guia turístico e um reformado, expressam descontentamento pela exclusão de candidatos às eleições, exigindo mais transparência no processo eleitoral.

há 11 horas
Residentes de Macau clamam por maior clareza nas eleições

Um guia turístico de 25 anos, Elory Kuong, expressou a sua indignação sobre a recente exclusão de 12 candidatos à Assembleia Legislativa de Macau. Para ele, a desqualificação sem explicações é uma clara "desqualificação sem justificação".

A Comissão de Defesa da Segurança do Estado (CDSE) tomou a decisão na semana passada, excluindo candidatos de duas listas por considerá-los "não defensores da Lei Básica" ou "não fiéis" à Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China.

"A tudo isto falta transparência", afirmou Kuong, ao reconhecer a sua incerteza em relação aos representantes disponíveis para votar.

Por sua vez, Elexa Kam, de 30 anos e atualmente desempregada, admitiu que vai votar "por dever" embora ainda não tenha escolhido um candidato. Ela partilhou as suas preocupações sobre a falta de clareza no motivo da desqualificação, afirmando que o governo deveria proporcionar mais informações aos cidadãos.

O presidente da comissão eleitoral, Seng Ioi Man, assegurou que os pareceres da CDSE possuem uma base legal, mas não revelou os detalhes que fundamentaram a exclusão, alegando que os documentos da CDSE são confidenciais.

Enquanto isso, Wong Yat Hung, um reformado de 69 anos, expressou o seu descontentamento ao questionar a lógica de desqualificar tantos candidatos: "O sistema deveria ser mais justo".

Entre os desqualificados, encontram-se seis candidatos da lista Força da Livelihood Popular em Macau e os restantes da lista Poder da Sinergia, representada pelo atual deputado Ron Lam U Tou, crítico do governo. Segundo um estudante de 18 anos, de apelido Pun, a Assembleia Legislativa perdeu o seu caráter pluralista com estas remoções.

Pun também manifestou a sua frustração com o sistema eleitoral, referindo que, independentemente das ações dos candidatos, se o governo decidir a exclusão, ela é definitiva. Apesar disso, mostrou-se de acordo com a nova lei eleitoral e com as decisões da CDSE.

Após a desqualificação, o governo mostrou apoio à CDSE, descrevendo a decisão como "correcta" para a aplicação do princípio de que "Macau deve ser governado por patriotas".

Joe Chan Chon Meng, um dos candidatos excluídos, alegou que a única razão que consegue identificar para a exclusão é a sua crítica às autoridades. Este é o segundo episódio em que candidatos são desqualificados na corrida pela AL, após a desqualificação de listas e candidatos pró-democracia em 2021, resultando numa diminuição significativa de concorrentes nas eleições deste ano.

Atualmente, a Assembleia Legislativa é composta por 33 deputados, com apenas 14 eleitos por sufrágio direto, enquanto a nova lei eleitoral, já em vigor, impõe penas a quem incitar os eleitores a abster-se de votar.

#TransparênciaEletoral #MacauSustentável #DireitosCivisInfringidos