Em 2024, a Europa retirou 542 barreiras fluviais, enquanto Portugal só removeu uma. O esforço europeu destaca a importância da reconexão dos rios para a natureza e a resiliência climática.
De acordo com o relatório da coligação 'Dam Removal Europe' sobre o último ano, um impressionante total de 542 barreiras fluviais obsoletas foi removido em diversos países europeus, permitindo a revitalização de mais de 2.900 quilómetros de rios. Países como a Finlândia, com 138 barreiras retiradas, e França e Espanha, com 128 e 96 respectivas, destacaram-se neste esforço, enquanto Portugal mantém-se em último lugar, com apenas uma remoção.
Este marco representa um aumento de 11% em comparação com o ano anterior, consolidando mais uma vez um recorde histórico. Se retrocedermos até 2020, o número de barreiras removidas tinha sido de apenas 101, revelando um aumento impressionante de 400% até hoje.
O relatório também revela que no ano passado, um total de 23 países participaram na remoção de barreiras, que vão desde barragens a açudes. Além dos já mencionados, outros países como Suécia, Reino Unido e Bélgica também contribuíram significativamente para este esforço. Para alargar o impacto, quatro países - Bósnia Herzegovina, Croácia, Turquia e República Checa - desmantelaram barreiras fluviais pela primeira vez.
Infelizmente, a posição de Portugal, que se junta à Lituânia e à República Checa com uma única remoção, destaca a necessidade de um maior compromisso no restauro dos nossos ecossistemas aquáticos.
A reconexão dos rios é fundamental para melhorias na resiliência climática, segurança hídrica e recuperação da biodiversidade. Conforme afirmado por Jelle de Jong, diretor-executivo do WWF-Países Baixos, a crescente dinâmica de remoção de barreiras obsoletas é um sinal positivo. Ele reafirma a importância de restaurar e reconectar os rios em prol da natureza e das populações.
O relatório revela que na Europa existem mais de 1,2 milhões de barreiras que segmentam os rios, cujas consequências são devastadoras para os ecossistemas. A remoção de tais estruturas não apenas melhora o fluxo dos rios mas também facilita o regresso de espécies migratórias, como os peixes, e melhora a saúde dos habitats para uma ampla variedade de vida selvagem.
Além disso, em 2024 entra em vigor o novo regulamento da União Europeia sobre o restauro da natureza, que tem como meta restaurar 25.000 quilómetros de rios sem contar com os 300.000 quilómetros de rios degradados que a UE visa recuperar até 2030. O futuro da biodiversidade na Europa depende da seriedade com que estas iniciativas são percebidas e implementadas.
Em suma, os rios saudáveis e de curso livre são imprescindíveis para enfrentar a crise climática e para o aumento da biodiversidade, embora, lamentavelmente, a Europa seja um dos continentes mais fragmentados do mundo em termos de ecossistemas fluviais.