Queixas nas Urgências Hospitalares Aumentam Dramaticamente, Com Obstetrícia em Destaque
Entre janeiro e agosto deste ano, registou-se um aumento superior a 90% nas queixas de urgências hospitalares, destacando-se a Obstetrícia como a área mais problemática.

Entre janeiro e agosto de 2023, o volume de queixas relativas aos serviços de urgência hospitalar subiu de forma alarmante, atingindo um aumento de 90% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A análise feita pelo Portal da Queixa revela que a Obstetrícia é a área que gera o maior número de reclamações, representando 31% do total.
A pesquisa, que considera dados até 17 de agosto, revela que foram recebidas quase 3.500 queixas no setor da saúde, das quais cerca de 1.800 têm origem em serviços de urgência. No primeiro semestre de 2025, o crescimento das queixas foi ainda mais notável, aumentando mais de 53% face ao semestre anterior, com os meses de maio e junho a registarem picos superiores a 80%.
Os especialistas observam que o aumento registado nos serviços de urgência hospitalares foi próximo de 91% em comparação com o primeiro semestre do ano transato, com os maiores aumentos mensais a verificarem-se também em maio e junho, superando 131%.
Os principais motivos para as reclamações incluem: mau atendimento (36,62%), falta de comunicação (22,14%), cobranças indevidas (15,80%), bem como questões relacionadas com segurança e qualidade dos serviços (10,74%). Os tempos de espera excessivos e o incumprimento de prazos foram assinalados em 9,25% das queixas.
Além da Obstetrícia, que se destaca claramente, a Ginecologia conta com 10% das reclamações, enquanto a Pediatria representa 8%. De acordo com a análise, os hospitais do setor público e privado mais mencionados são os situados em regiões como Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro e Braga, evidenciando a gravidade da situação em áreas com maior densidade populacional.
No que se refere ao Serviço Nacional de Saúde, este concentra a maior parte das queixas (24%), seguido por entidades privadas como a CUF (17,61%), Lusíadas Saúde (11,44%), Hospital da Luz (7,67%) e Trofa Saúde (4,22%).
A crise que afeta os serviços de urgência continua visível, com o Ministério da Saúde frequentemente sob crítica. Este ano, já foram relatados 56 partos fora do hospital, inclusive em ambulâncias, o que levanta sérias preocupações sobre a capacidade do SNS, que atualmente conta com apenas metade dos médicos obstetras necessários para atender a uma demanda crescente.