Privatização da TAP enreda debate entre partidos
O PS alega que o Governo almeja privatizar totalmente a TAP, uma suposição que é negada pelo ministro das Infraestruturas, que defende a alienação parcial da companhia aérea.

O Partido Socialista (PS) expressou hoje que o Governo parece estar a trilhar o caminho para a privatização integral da TAP, uma ideia que foi prontamente desmentida pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz. Este garantiu que a intenção do executivo é realizar apenas uma privatização parcial, mantendo o controlo estatal.
Frederico Francisco, deputado do PS, comentou: "É incoerente que o Governo afirme que pretende privatizar apenas até 49,9%, ao mesmo tempo que toma medidas que eventualmente conduzem a 100% de privatização". O deputado salientou que a TAP, agora "capitalizada e rentável", é crucial para a economia nacional, gerando um volume de exportações que supera o investimento do Estado na companhia.
Durante um debate de urgência convocado pelo Chega, Frederico Francisco relembrou que a companhia foi resgatada pelo Estado devido à sua importância económica, e que os lucros da empresa são fundamentais para recuperar o investimento público.
O ministro Miguel Pinto Luz defendeu que o Governo apenas solicitou um mandato para privatizar 49,9%, levantando a questão sobre a posição do PS quanto a essa estratégia e a importância de uma TAP sustentável. O governante acusou o PS de agir de forma "imoral" ao resgatar a empresa.
André Ventura, do Chega, criticou a potencial privatização, afirmando que o Governo poderia estar a preparar "um péssimo negócio" e que o compromisso deve ser o retorno do dinheiro investido aos cofres do Estado, assegurando eficiência nos serviços. Ventura garantiu que o Chega se oporá a uma privatização "total e selvagem".
Pelo lado do PSD, Gonçalo Lage criticou o PS por ter mudado de posição em relação à privatização, enquanto Paulo Moniz defendeu que a abordagem do Governo pode salvaguardar os interesses nacionais a médio e longo prazo.
João Almeida, do CDS, reconheceu que um procedimento de privatização faseado poderá permitir uma venda mais abrangente no futuro. Por outro lado, Jorge Teixeira, da IL, defendeu a completa privatização da TAP, alegando que a população está cansada da incerteza que envolve a companhia. No entanto, vozes da esquerda opuseram-se, com a líder do PCP argumentando que o retorno do investimento é garantido enquanto a TAP permanecer pública.
Jorge Pinto, do Livre, igualmente criticou a privatização, sublinhando que vender uma empresa lucrativa e vital para a economia é uma decisão simplista. Adicionalmente, partidos menores expressaram descontentamento com o processo de privatização, levantando preocupações sobre os impactos na TAP e a participação da sociedade civil em decisões tão relevantes.