Portugal reafirma compromisso com o desenvolvimento, apesar das dificuldades financeiras
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reconheceu os desafios na mobilização de mais verbas para o desenvolvimento, mas destacou a importância do investimento diversificado em várias áreas.

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, comentou hoje sobre o crescente empenho do país em relançar o financiamento internacional para o desenvolvimento, durante a IV Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FiD4) da ONU, que decorre em Sevilha.
“Temos aumentado este investimento, mas sou consciente das dificuldades que enfrentamos. Devemos direcionar recursos para múltiplas áreas”, afirmou Montenegro aos jornalistas.
Ele salientou que é essencial assegurar uma distribuição justa de recursos para atingir objetivos comuns, referindo que o recente aumento nos gastos em defesa e segurança, acordado com a NATO, é um investimento que promoverá “mais paz” e democracias robustas. “Quando investimos na defesa, também estamos a investir na liberdade e na dignidade das pessoas”, reiterou.
Montenegro enfatizou que o significado da ajuda pública ao desenvolvimento vai além do montante financeiro. “Não é apenas o valor do cheque que importa”, referiu, sublinhando que, embora as contribuições de Portugal estejam abaixo dos 0,7% do Rendimento Bruto Nacional estipulados pela ONU, há potencial para um aumento no futuro, dependendo da situação económica do país.
O primeiro-ministro destacou, ainda, a importância da diplomacia portuguesa e do seu papel em colocar a temática do desenvolvimento e combate à pobreza no cerne de discussões em fóruns multilaterais, como a União Europeia e a ONU. Mencionou iniciativas inovadoras, como o acordo de conversão de dívida em “investimento sustentável” com Cabo Verde, agora a ser expandido para São Tomé e Príncipe.
Montenegro frisou o papel da diplomacia lusa na organização da conferência de Sevilha, onde Portugal copresidiu com o Burundi um comitê da ONU, resultando na adoção do "Compromisso de Sevilha", subscrito por 192 países. Este documento visa estabelecer uma cooperação internacional mais eficaz e aborda o défice de financiamento, avaliar em quatro biliões de dólares anuais.
O primeiro-ministro assegurou que o Governo português está comprometido em implementar “mecanismos de financiamento mais ágeis” para responder aos desafios de hoje. Montenegro reiterou o comprometimento de Portugal com todos os países em desenvolvimento, destacando a sua responsabilidade global.
Na sua intervenção, Montenegro afirmou que “Sevilha não é apenas mais uma conferência internacional”, mas uma oportunidade para “renovar a ambição” da Agenda 2030 da ONU. Ele defendeu a erradicação da pobreza, a proteção do planeta e a promoção da paz e prosperidade, pedindo uma “arquitetura financeira internacional que garanta que os recursos cheguem aos mais necessitados”.
Por fim, o primeiro-ministro sublinhou que a política de cooperação de Portugal é uma verdadeira política de Estado, focada nas prioridades dos países parceiros, com a convicção de que a resposta reside no multilateralismo.
Luís Montenegro participou na conferência juntamente com outros 60 líderes mundiais e foi convidado para um jantar no palácio real de Sevilha, oferecido pelos Reis de Espanha.