PKK inicia processo de desarmamento com cerimónia histórica no Iraque
O PKK anunciou o início do desarmamento dos seus combatentes no norte do Iraque entre 10 e 12 de julho, em Sulaymaniyah, como parte de um esforço pela paz.

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) confirmou hoje que os seus guerreiros começarão a entrega das armas numa cerimónia agendada entre 10 e 12 de julho na cidade de Sulaymaniyah, situada na região semi-autónoma do Curdistão no norte do Iraque.
Segundo um comunicado do PKK, "um grupo de guerrilheiros descerá das montanhas e despedir-se-á das suas armas, demonstrando assim a sua determinação por um futuro pacífico e um envolvimento na política democrática".
Este evento marca um passo significativo no desarmamento dentro de um conflito que já dura há mais de quarenta anos e que resultou na morte de mais de 40.000 pessoas.
Zagros Hiwa, porta-voz da organização, afirmou que as armas serão destruídas “sob a supervisão das instituições da sociedade civil e de partes interessadas”.
Em maio passado, o PKK havia revelado planos para se dissolver e pôr fim ao conflito armado, decisão que seguiu um apelo do seu líder Abdullah Ocalan, que está encarcerado desde 1999. Ocalan estimulou o grupo a convocar um congresso para formalizar o desarmamento.
Hiwa também sublinhou que, para avançar neste processo, "o isolamento" imposto ao líder do PKK precisa ser levantado, e devem ser adotadas “medidas constitucionais, legais e políticas” para reintegrar os combatentes na democracia turca.
Embora ainda não tenha sido definido quantos integrantes participarão na cerimónia, o porta-voz prevê entre 20 a 30 combatentes envolvidos.
Na Turquia, Omer Celik, porta-voz do Partido da Justiça e Desenvolvimento do Presidente Recep Tayyip Erdogan, indicou que o desarmamento pode ocorrer “dentro de dias”, porém sem fornecer detalhes adicionais.
Celik também informou que Erdogan terá uma reunião com representantes de um partido pró-curdo na próxima semana para discutir os esforços de paz.
O governo turco ainda não se pronunciou oficialmente sobre este anúncio.
Analistas e opositores expressam receios de que Erdogan vise manter a sua influência política, especialmente numa altura em que procura redigir uma nova Constituição, e o recente esforço para encerrar o conflito pode refletir a busca por apoio de um partido pró-curdo no Parlamento para conseguir a maioria necessária.