O Paquistão anunciou que se vingarão das mortes provocadas pelos recentes ataques aéreos indianos, aumentando as tensões entre os dois países armados nuclearmente.
O Paquistão reafirmou, numa declaração pública, a sua determinação em vingar as vidas perdidas devido aos ataques aéreos indianos. O primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, evocou o compromisso nacional de fazer justiça por cada "gota de sangue dos mártires" durante um discurso à nação na noite passada.
O ministro da Defesa, Khawaja Muhammad Asif, responsabilizou o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pelos ataques, afirmando que estes foram uma estratégia para aumentar a sua popularidade política, acrescentando que Islamabade "em breve irá acertar as suas contas".
A tensão entre os dois países aumentou significativamente após um tiroteio que resultou na morte de 26 pessoas em Pahalgam, na Caxemira indiana, no passado dia 22 de abril. Desde então, os confrontos militares intensificaram-se, atraindo a atenção internacional de potências como a China e o Reino Unido, que ofereceram mediação, enquanto a UE, a ONU, Moscovo, Washington e Paris apelaram à contenção.
A mais recente escalada incluiu uma troca de fogo de artilharia ao longo da linha de demarcação em Caxemira, desencadeada pelos ataques indianos a alvos no Paquistão em resposta ao incidente em Pahalgam.
O ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, defendeu os ataques, afirmando que foram direcionados exclusivamente a "instalações terroristas" com o intuito de evitar danos à população civil. A Índia alegou ter destruído nove locais vinculados ao grupo militante Lashkar-e-Taiba (LeT), que é acusado pelo ataque em Pahalgam, embora este não tenha sido oficialmente reivindicado.
As autoridades indianas sustentam que o Paquistão apoia o grupo LeT, uma acusação que Islamabad refuta. Consta que ataques de mísseis indianos a várias localidades na Caxemira paquistanesa e no Punjab causaram 31 mortes e 57 feridos, de acordo com relatórios do exército paquistanês, que também denunciou "disparos indianos não provocados" e violações do cessar-fogo estabelecido.
Acusações mútiplas surgiram, com o Paquistão afirmando ter abatido cinco aeronaves indianas, enquanto fontes indianas reportaram a queda de três caças por razões que não foram esclarecidas. O impacto do conflito foi notório, com a Índia relatando 12 vítimas fatais e 38 feridos devido a granadas paquistanesas na aldeia de Poonch, na parte da Caxemira sob administração indiana.
Explosões têm também atingido as imediações de Srinagar, a principal cidade indiana na região da Caxemira. Observadores militares das Nações Unidas estão a inspecionar os danos resultantes das hostilidades.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia alertou que os ataques indianos aumentam o risco de uma guerra total na região, o que levou o ministro indiano, Subrahmanyam Jaishankar, a contatar vários líderes estrangeiros para justificar as operações militares.
Analistas, como Praveen Donthi, do International Crisis Group, afirmam que a atual escalada é mais séria do que a crise em 2019, que culminou na realização de operações transfronteiriças por parte da Índia após um ataque mortal a um comboio militar indiano em Caxemira.