O novo Papa, Leão XIV, confronta as políticas imigratórias de Donald Trump, defendendo uma abordagem mais humana e solidária para os imigrantes, como testemunho de sua própria experiência.
O Papa Leão XIV, que se identifica como um imigrante americano nacionalizado peruano, pode entrar em colisão com Donald Trump em relação às políticas de deportação dos Estados Unidos. Aqueles que o conhecem anteveem tensões entre as duas figuras, especialmente após suas declarações em missas dedicadas a imigrantes.
José Gregorio Ceiba Muñoz, um imigrante venezuelano de 52 anos, recorda as palavras do bispo Robert Prevost, que lhe inspiraram: "Até mesmo Jesus foi imigrante". Esta mensagem ressoou fortemente com aqueles que, como ele, deixaram seus países em busca de um futuro melhor. Desde que chegou ao Peru em 2018, José Gregorio vive com a família em um albergue fundado pelo Papa, onde encontrou apoio e oportunidades.
O albergue San Vicente de Paul e um refeitório popular em Eten têm sido fundamentais para muitas famílias que enfrentam dificuldades devido à falta de trabalho. A ajuda da Igreja Católica foi vital para garantir abrigo e alimento a cerca de 100 famílias necessitadas.
José, que anteriormente era policial na Venezuela, agora busca se estabelecer como motorista e estampador de t-shirts, habilidades adquiridas nas oficinas criadas pelo Papa em Chiclayo. Ele descreve o Papa como uma figura generosa e empática, que se preocupa intensamente com a integração dos imigrantes e está ciente das discriminações que enfrentam.
Yolanda Díaz, ex-coordenadora da Comissão de Mobilidade Humana da Igreja, partilha sobre a visão do Papa de envolver toda a Igreja no acolhimento de imigrantes. Ela antecipa um confronto direto com Trump devido à defesa do Papa em favor dos direitos dos imigrantes.
A tensão entre Leão XIV e o Presidente dos EUA deve intensificar-se, como sugere Yolanda, que afirma que o Papa tem experiência direta e uma visão clara sobre os desafios globais enfrentados por imigrantes.
Yolanda também elogia a abordagem metódica do Papa, que acredita na importância de cultivar mudanças sociais ao invés de provocar ativismos apressados. A reforma pastoral que Leão XIV promoveu quando era bispo visava descentralizar a atuação da Igreja e torná-la mais acessível às realidades sociais contemporâneas.
O sociólogo Hermes Aldana Ortega acredita que a questão da imigração se tornará um campo de batalha ideológico entre o novo Papa e Trump. Ele nota a recente escolha do Papa de se dirigir à sua diocese em espanhol, um gesto que simboliza sua solidariedade com os imigrantes, talvez distanciando-se intencionalmente da narrativa de expulsão que marca a administração Trump.
"Deus santo, todos nós somos imigrantes", sublinha o Papa, um lembrete poderoso da natureza universal da experiência migratória.