Mundo

ONU intervém em Moçambique com consultas às famílias deslocadas

A ONU iniciou um vasto programa de consultas a famílias deslocadas no norte de Moçambique, visando fundamentar a ajuda humanitária de acordo com as suas necessidades e realidades.

19/08/2025 20:35
ONU intervém em Moçambique com consultas às famílias deslocadas

A Organização das Nações Unidas (ONU) deu início a um ambicioso projeto de consultas a mais de 27 mil famílias deslocadas devido aos recentes ataques insurgentes, especificamente na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Esta iniciativa, liderada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) em estreita colaboração com a equipa humanitária da ONU, o Governo moçambicano e outras entidades do setor humanitário, tem como objetivo desenvolver uma resposta humanitária que reflita as "realidades e prioridades" das famílias afetadas.

Desde o início da insurgência em outubro de 2017, Cabo Delgado tem enfrentado uma crescente onda de violência associada a grupos extremistas, particularmente no distrito de Chiúre, onde a situação se agravou nas últimas semanas, levando ao deslocamento de mais de 57.000 pessoas, conforme relatado pela OIM. A agência sublinha a importância de ouvir as experiências diretas das famílias deslocadas, que incluem tanto aqueles que regressaram como os que oferecem acolhimento, a fim de garantir que a ajuda humanitária esteja alinhada com as suas necessidades reais.

“Nós respeitamos as comunidades cujas vozes influenciam nossas decisões, e também os trabalhadores humanitários que dedicam seus esforços para ajudá-las todos os dias”, afirma o comunicado emitido pela OIM.

De acordo com os dados mais recentes da OIM, coletados entre 20 de julho e 3 de agosto, a intensificação dos ataques e o aumento da inquietação em relação à violência por parte de grupos armados nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre resultaram no deslocamento de aproximadamente 57.034 indivíduos, representando 13.343 famílias.

O Ministro da Defesa Nacional expressou a sua preocupação face a esta nova onda de ataques, assegurando que as forças de defesa estão ativas na luta contra os rebeldes na região. “A nossa insatisfação com a atual situação é evidente, especialmente considerando que os terroristas conseguiram atingir áreas antes consideradas seguras”, afirmou Cristóvão Chume a representantes da imprensa.

Conforme revelado por um estudo do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), pelo menos 349 pessoas perderam a vida em ataques perpetrados por milícias extremistas islâmicas no norte de Moçambique em 2024, uma subida alarmante de 36% em comparação com o ano transato.

#Moçambique #DireitosHumanos #CriseHumanitária