ONU alerta EUA sobre deportações de haitianos em meio à crise de violência

A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo aos Estados Unidos para que suspendam as deportações de imigrantes haitianos, indicando que a escalada de violência no Haiti representa um grave risco para a vida destes cidadãos. Até ao momento, mais de 3.100 pessoas perderam a vida no país este ano devido à violência, uma realidade que, segundo a porta-voz do Gabinete da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, torna o regresso impraticável para os haitianos.

As deportações de haitianos, junto com as de venezuelanos, aumentaram significativamente após a revogação do Estatuto de Proteção Temporária (TPS) pelo governo do ex-Presidente Donald Trump, que permitia que aproximadamente 800.000 imigrantes dessas nacionalidades pudessem residir, trabalhar e estudar nos Estados Unidos. A situação crítica levou o Departamento de Segurança Interna dos EUA a aconselhar esses indivíduos a se autodeportarem por meio de uma aplicação eletrónica, a fim de evitarem a deportação forçada e possíveis consequências legais.

A porta-voz da ONU enfatizou que a situação no Haiti, caracterizada por graves violações de direitos humanos, como execuções sumárias e abusos perpetrados por milícias, não é um ambiente seguro para o retorno dos haitianos. Desde outubro do ano passado, após um massacre na região de Artibonite, as estatísticas indicam que 4.864 mortes violentas foram documentadas, colocando em evidência a intensidade da crise.