O peso da gordura abdominal e a sua relação com a longevidade

A diminuição da mobilidade e do desempenho muscular é uma preocupação crescente com o avanço da idade. De acordo com um novo estudo, a gordura localizada na região abdominal, que pode ser medida através das circunferências da cintura e das ancas, apresenta-se como um forte indicador da mobilidade futura e da capacidade de força.

Publicado na revista Aging, a investigação concluiu que medidas de cintura e ancas mais elevadas estão ligadas a uma mobilidade reduzida. Os pesquisadores analisaram mais de 10 mil participantes, submetendo-os a testes que visavam avaliar a sua força e mobilidade.

Os autores do estudo destacam que, ao monitorizar a relação cintura-anca (RCQ) e a relação cintura-altura (RCE), os profissionais de saúde podem identificar aqueles que estão em risco elevado de complicações relacionadas à saúde. Isso permitirá a implementação de intervenções adequadas que visem mitigar os riscos associados e promover uma melhor saúde a longo prazo.

Para mensurar a circunferência da cintura, foram realizadas medições "no ponto mais estreito entre as costelas e as ancas”, enquanto a circunferência da anca foi medida na "parte mais larga das nádegas". A RCQ é calculada dividindo a circunferência da cintura pela circunferência da anca, sendo reconhecida como um indicador da distribuição de gordura corporal. Valores elevados nesta medida estão associados a riscos aumentados de doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos.

Por sua vez, a RCE é obtida dividindo a circunferência da cintura pela altura do indivíduo, oferecendo uma avaliação prática dos riscos à saúde relacionados com a gordura abdominal.

Valores normais da RCQ são abaixo de 0,90 para homens e 0,85 para mulheres, enquanto uma RCQ abaixo de 0,5 indica uma distribuição de gordura mais saudável.

Os investigadores sustentam que a gordura visceral desempenha um papel crucial na diminuição da função física. Com efeito, uma RCQ ou RCE superiores sugerem uma maior adiposidade abdominal, que está associada a diversos riscos para a saúde e queda na função física. O excesso de gordura nesse local pode contribuir para a perda de força muscular e mobilidade geral, impactando negativamente o desempenho físico.

Adicionalmente, a invasão de órgãos vitais pela gordura visceral pode comprometer a saúde cardiovascular e metabólica, prejudicando a resistência e o desempenho aeróbico.

Se está a ter dificuldades em perder gordura abdominal persistente ou se tem preocupações com a sua saúde, é aconselhável consultar um médico que poderá realizar uma avaliação completa e, se necessário, encaminhá-lo para um nutricionista.

Como concluem os autores do estudo: "Essas medições servem como ferramentas acessíveis que permitem aos indivíduos tomarem decisões informadas sobre o seu estilo de vida, contribuindo para uma maior longevidade e bem-estar."