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"O Impacto da IA na Reconfiguração Profissional e na Estabilidade Política"

O especialista em IA Arun Sundararajan alerta para a necessidade de um suporte na transição de carreiras devido à tecnologia, realçando a relevância para a estabilidade política.

03/07/2025 13:50
"O Impacto da IA na Reconfiguração Profissional e na Estabilidade Política"

No último dia da QSP Summit, Arun Sundararajan, especialista em Inteligência Artificial da Stern School of Business da Universidade de Nova Iorque, identificou a transformação profissional desencadeada pela tecnologia como o "grande desafio" do presente e do futuro. "A chave será como treinamos os trabalhadores a mudarem de carreira ao longo da vida. É preciso preparar aqueles em meio à sua trajetória profissional, que possuam uma vasta experiência, mas necessitam de novas oportunidades de trabalho", afirmou durante a sua palestra na Exponor, em Matosinhos.

Segundo Sundararajan, este é um tema crítico na sociedade contemporânea, que pode influenciar a polarização política e a instabilidade social. Ele relembrou que a transição do trabalho manual nas últimas décadas levou a um sentimento de frustração em muitos indivíduos que sentem que perderam oportunidades económicas. "A gestão inadequada dessas transições no passado contribuiu para a instabilidade que observamos hoje", enfatizou.

O especialista destacou a importância de criar instituições que garantam dignidade nas transições, sublinhando que, nos próximos dez anos, uma parte significativa da força de trabalho terá que procurar novas ocupações, impulsionadas pelas inovações trazidas pela IA. "As mudanças que se avizinham serão muito mais profundas e afetarão substancialmente a estrutura social de muitos países", alertou.

Outro tema discutido foi a autonomia dos sistemas de IA em cada nação. Sundararajan afirmou que a capacidade de gerar energia suficiente para alimentar a infraestrutura necessária será um fator crítico. Citou o exemplo da Virgínia Ocidental, onde 30% da energia já está a ser utilizada por sistemas de computadores, evidenciando a pressão que as tecnologias de IA já estão a colocar sobre as redes elétricas.

Ele também mencionou a questão da dependência geopolítica nas tecnologias de IA, afirmando que países como os EUA e a China estão a caminho de uma autossuficiência, enquanto as nações de menor dimensão devem ponderar a sua independência. "Outros países precisarão avaliar em que medida desejam ser autosuficientes em IA e de que forma desejam depender de terceiros", frisou.

Além disso, Sundararajan fez referência ao crescente interesse em energia nuclear, que está a emergir como uma área promissora para novas empresas, e citou o exemplo da Microsoft, que adquiriu uma central nuclear desativada nos EUA no ano passado.

A QSP Summit iniciou-se na terça-feira no Porto, com a temática "The New Strategic Drivers", incentivando a reflexão sobre os fatores estratégicos que estão a moldar as organizações em diversas áreas.

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