O presidente do Curdistão iraquiano, Nechirvan Barzani, aplaudiu a dissolução do PKK, considerando-a uma oportunidade para a paz e estabilidade na região.
Nechirvan Barzani, dirigente da região autónoma do Curdistão iraquiano, expressou hoje a sua aprovação em relação à recente decisão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de se dissolver e de encerrar a luta armada contra a Turquia.
Num comunicado veiculado pela agência de notícias France-Presse (AFP), Barzani sublinhou que esta decisão representa “uma demonstração de maturidade política e abre um caminho para o diálogo que promove a coexistência e a estabilidade tanto na Turquia como na região”.
Para Barzani, esta nova abordagem “estabelece as bases para uma paz duradoura que poderá pôr fim a décadas de violência, dor e sofrimento”. O presidente da região autónoma manifestou a disposição do Curdistão iraquiano em apoiar os esforços que se encontram em curso para aproveitar esta "oportunidade histórica".
A família Barzani, que lidera o Partido Democrático do Curdistão (KDP), exerce uma influência considerável sobre os assuntos curdos e manteve sempre relações próximas com a Turquia.
A guerrilha curda PKK anunciou a sua dissolução e a cessação da luta armada como resposta ao pedido de Abdullah Ocalan, seu fundador e líder, atualmente preso.
“O 12.º Congresso do PKK decidiu dissolver a estrutura organizativa do PKK e pôr fim ao método da luta armada”, afirmou a organização.
Ocalan, de 76 anos, cumpre uma pena de prisão perpétua há 25 anos e pediu ao PKK, a 27 de fevereiro, que depusesse as armas. Este conflito já resultou na morte de aproximadamente 45.000 pessoas ao longo de quatro décadas.
Considerado uma organização terrorista pela Turquia, EUA e União Europeia, o PKK tem enfrentado um dos mais prolongados conflitos do Médio Oriente, e esta decisão poderá ter repercussões significativas na Turquia, Síria e Iraque.
A medida foi divulgada pela agência Firat, que se encontra alinhada com o grupo, conforme reportado pela Associated Press (AP). O anúncio ocorreu poucos dias após o PKK ter realizado um congresso no norte do Iraque.
O conflito entre a Turquia e o PKK atingiu também as regiões do norte do Iraque e da Síria, levando a inúmeros ataques turcos.
O congresso do PKK declarou que a luta levada a cabo pelo partido “trouxe a questão curda ao ponto de ser resolvida através de políticas democráticas, completando assim a missão histórica do PKK”, culminando no encerramento formal das atividades sob o nome do partido.
O governo turco acolheu a decisão como um "passo significativo rumo a uma Turquia livre de terrorismo". Omer Celik, porta-voz do partido do Presidente Recep Erdogan, comentou nas redes sociais que a erradicação total do terrorismo poderá abrir portas a uma nova era.
Celik enfatizou que a decisão deve ser aplicada em todas as “sucursais, filiais e estruturas ilegais do PKK”, referindo-se também aos combatentes curdos na Síria, que mantêm laços com o PKK e têm estado envolvidos em intensos combates com as forças turcas. “Este processo será cuidadosamente monitorizado pelas autoridades governamentais e será reportado ao nosso Presidente”, acrescentou.