Cultura

Necessidade de Bibliotecas em Debate no Congresso da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau

O Congresso Internacional de Ensino da Língua Portuguesa, que teve lugar na Guiné-Bissau, concluiu com um apelo para a criação de bibliotecas, ausentes até nas universidades.

25/06/2025 23:50
Necessidade de Bibliotecas em Debate no Congresso da Língua Portuguesa na Guiné-Bissau

O primeiro Congresso Internacional do Ensino da Língua Portuguesa, realizado em Bissau, chegou ao fim com um forte chamado à criação de bibliotecas na Guiné-Bissau, um país que, de acordo com os participantes, carece de espaços adequados para a promoção do conhecimento.

Nos três dias de debates que reuniram académicos e especialistas de diversos países de expressão portuguesa, destacou-se a alarmante realidade de que não existe uma única biblioteca pública no país. Ibraima Djaló, diretor da Escola Superior de Educação - Unidade Tchico Té, sublinhou que "os responsáveis máximos têm que pensar nisso", acrescentando que "não se pode falar num país desenvolvido sem a base da educação, que inclui bibliotecas".

O próprio estabelecimento de ensino, que oferece uma licenciatura e em breve iniciará um curso em língua portuguesa, não dispõe de uma biblioteca, limitando-se a um espaço do Instituto Camões, inaugurado há mais de duas décadas, que serve apenas para um número restrito de estudantes.

Djaló fez um apelo por uma visão mais abrangente, afirmando que "é crucial que este desafio seja abraçado por todos, pois a educação fundamenta o desenvolvimento". Ele enfatizou que as poucas "bibliotecas" existentes são na verdade "salas com livros", sublinhando a necessidade urgente de uma biblioteca pública.

Os dados apresentados durante o congresso revelaram que, na Guiné-Bissau, menos de 5% da população fala português, contrastando com as elevadas percentagens de falantes em países como Angola e Moçambique. Ibraima Djaló salientou que "falta a base fundamental", referindo-se à escassez de materiais didáticos que dificulta o aprendizado, dependendo excessivamente do esforço individual dos professores.

A instabilidade política do país também contribui para um sistema educativo fragilizado, evidenciado por atrasos no início do ano letivo e interrupções causadas por greves. No entanto, foi mencionado um avanço no ano letivo atual, com a distribuição de manuais escolares e guias para professores do ensino básico nas escolas públicas.

O congresso foi apoiado por instituições como o Instituto Camões, que promove a licenciatura em língua portuguesa e a formação contínua de docentes, além de estar a implementar um mestrado inaugural na Guiné-Bissau para o próximo ano letivo. Rui Vaz, diretor de serviços da língua do Instituto Camões, expressou o compromisso da instituição em continuar a apoiar a educação no país no âmbito do próximo Plano Estratégico de Cooperação.

Em suma, os organizadores encerraram o congresso com a expectativa de um segundo evento no próximo ano, sinalizando uma continuidade na luta pela valorização da língua portuguesa e pela melhoria das condições educativas na Guiné-Bissau.

#EducaçãoGuinéBissau #BibliotecasParaTodos #LínguaPortuguesa