Mulheres indígenas unidas em Brasília pela defesa de direitos e contra a violência
Em Brasília, centenas de mulheres indígenas marcharam em prol da demarcação de terras, melhoria da saúde e soluções para a violência de género nos seus territórios.

Hoje, em Brasília, centenas de mulheres indígenas concentraram-se para marchar em direção ao Congresso, expressando uma forte reivindicação pela demarcação de terras, acesso a cuidados de saúde reprodutiva, e contra a violência de género que afeta as suas comunidades.
A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade salientou em comunicado: “O nosso corpo é território. O nosso território é sagrado. Continuaremos organizadas, mobilizadas e lutaremos por justiça, bem viver e pela continuidade da vida no planeta.”
Este evento ocorre em simultâneo com a IV Marcha das Mulheres Indígenas e a 1.ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, onde diferentes povos originários do Brasil se reúnem para discutir igualdade de género, direitos e preservação das culturas indígenas.
O manifesto apresentado inclui um apelo ao combate à violência obstétrica e à valorização das práticas tradicionais de parto, exigindo o reconhecimento oficial de parteiras e outros profissionais de saúde indígenas.
Embora o Governo tenha aprovado recentemente três novas reservas para povos originários – as Terras Indígenas Pitaguary, Lagoa Encantada e Tremembé de Queimadas no Ceará – as manifestantes apelaram a uma aceleração no processo de demarcação para garantir maior segurança aos seus territórios.
Desde que Lula da Silva assumiu a presidência, foram homologadas 16 terras indígenas. No entanto, a marcha também expressou um descontentamento profundo em relação a um projeto de lei recentemente aprovado no Congresso, que reduz as exigências para licenças ambientais, o que, segundo as comunidades indígenas e ambientalistas, representa um retrocesso nas lutas contra a desflorestação e mudanças climáticas.
As participantes instaram o presidente Lula a vetar esta proposta, que conta com o apoio do setor agrícola.
Segundo os últimos censos, quase 1,7 milhão de indígenas habitam o Brasil, representando aproximadamente 14% do território nacional.