Moradores da Fajã das Galinhas continuam afastados um ano após incêndio
Um ano após o incêndio devastador na Madeira, os residentes da Fajã das Galinhas ainda vivem em alojamentos provisórios, sem planos de regresso ao local repleto de memórias.

Um ano após o incêndio que consumiu a Madeira durante 13 dias, os moradores da Fajã das Galinhas permanecem em alojamentos temporários, com o local a ser um reflexo de abandono. Maria Filomena dos Santos, residente de Jardim da Serra, partilha: “Após o incêndio, apenas visitei a minha casa uma vez. Senti-me aflita e só consegui chorar. Tive que lá ir para cuidar de algumas coisas, mas não pretendo voltar.”
Apesar de nenhuma casa ter sido danificada, as autoridades optaram por retirar os habitantes a 17 de agosto de 2024, devido à ameaça das chamas que isolaram a única estrada de acesso. “Era angustiante passar ali todos os dias com os meus filhos,” revela Isalina dos Santos, que agora vive numa casa provisória, com o marido e três filhos.
A Câmara Municipal de Câmara de Lobos assumiu as despesas de realojamento dos residentes da Fajã das Galinhas e está a construir 55 habitações em áreas próximas, numa tentativa de garantir a segurança das famílias. Os estudos realizados confirmam que a estrada permanece instável e perigosa.
Embora a maioria dos moradores esteja a adaptar-se à nova realidade, muitos continuam a visitar as suas propriedades, visando cuidar dos terrenos agrícolas. Ao todo, 120 pessoas foram retiradas da Fajã das Galinhas, sendo que 107 eram residentes permanentes. A operação de realojamento foi reconhecida com o Prémio Excelência Autárquica em Ação Social, em setembro de 2024.
O incêndio teve início a 14 de agosto de 2024 nas serranias da Ribeira Brava e espalhou-se rapidamente, afetando ainda os concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Após 13 dias de combates, o fogo foi declarado extinto, mas deixou marcas profundas: 5.116 hectares de floresta e mato destruídos, e 200 agricultores registaram prejuízos.
Maria Filomena, com 68 anos, vive agora num espaço maior, mas não planeia voltar à sua antiga casa. “Estou conformada. Trouxemos pouco, apenas o essencial,” diz. Isalina, de 43 anos, também não deseja regressar, revelando que sua família foi realojada num espaço maior e se sente bem.»
As memórias da Fajã das Galinhas persistem, mas a segurança prevalece como uma prioridade. Fernanda, mãe de Isalina, expressa saudades do lugar, mas concorda que não se pode ter tudo na vida.