Moçambique regista novas máximas nas reservas internacionais após período de baixa
As reservas internacionais de Moçambique alcançaram 3.920 milhões de dólares, após superar um mínimo em fevereiro, com medidas do Banco de Moçambique a visarem aumentar a fluidez no mercado cambial.

As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Moçambique atingiram em junho os 3.920 milhões de dólares (3.357 milhões de euros), alcançando assim o nível mais elevado em mais de quatro anos, segundo dados divulgados pelo banco central do país.
Após um mínimo histórico em fevereiro, onde as reservas desceram para 3.593 milhões de dólares (3.078 milhões de euros), o país viu um avanço contínuo durante quatro meses, com aumentos mensais de 1% em março, 4,3% em abril, 1,5% em maio e 2,5% em junho, conforme o último relatório estatístico do Banco de Moçambique.
Em junho, o valor das reservas internacionais foi suficiente para cobrir mais de três meses das necessidades de importação do país, garantindo, assim, o pagamento de bens e serviços no exterior por parte das empresas moçambicanas.
No mesmo mês, as reservas também atingiram um total de 3.807 milhões de dólares (3.261 milhões de euros), valor que, embora tenha sido um máximo em julho de 2024, foi superado agora novamente, mais de um ano depois.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, anunciou a implementação de novas medidas para aumentar a "fluidez" no mercado cambial, com o objetivo de redistribuir os volumes de divisas disponíveis. "Estamos a ajustar recursos de um lado para outro para melhorar a situação," explicou Zandamela em uma conferência de imprensa após a reunião do Comité de Política Monetária.
O Banco de Moçambique também reduziu os limites diários de retenção de divisas das aquisições pelos bancos, além de ter aumentado a taxa mínima de conversão de receitas de exportação de 30% para 50%, promovendo assim uma maior disponibilidade de moeda estrangeira.
Enquanto isso, o Presidente do país, Daniel Chapo, criticou a banca por criar uma falsa escassez de divisas, que, segundo ele, se transforma em oportunidade de negócio em vez de ser um problema real. Em um encontro com empresários em Sofala, ele desafiou a ideia de que existe uma insuficiência de moeda estrangeira para pagamentos, afirmando que este fenómeno se verifica apenas quando se trata de importações.
A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique destacou, em fevereiro, que a carência de divisas nos bancos estava a afectar severamente as operações de sectores-chave como saúde, aviação, combustíveis e importação de alimentos. Chapo reafirmou a necessidade de resolver esta situação para que empresários como Félix Machado não enfrentem dificuldades nas suas importações.