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Militar israelita revela ordens para atacar civis em Gaza

Um reservista das IDF expõe ordens para disparar indiscriminadamente em Gaza, levantando preocupações sobre a segurança de civis e a moral das tropas israelitas.

há 3 horas
Militar israelita revela ordens para atacar civis em Gaza

Um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF), que se encontra na reserva, fez graves acusações ao afirmar que os soldados têm instruções para abrir fogo em Gaza sobre qualquer pessoa, independentemente de representarem ou não uma ameaça.

Em entrevista à Sky News, o reservista da 252.ª Divisão da IDF, que já participou em três missões na Faixa de Gaza, relatou que as ordens frequentemente indicavam que qualquer indivíduo que entrasse em áreas designadas como interditas deveria ser neutralizado. Esta prática, segundo ele, resultou na morte arbitrária de civis.

“As instruções que recebemos são claras: qualquer um que ultrapasse esta linha tem de ser neutralizado. Independentemente de quem sejam, todos são considerados perigosos”, afirmou, acrescentando que os critérios para abrir fogo variam conforme o estado de espírito e a decisão do comandante.

O militar explicou que, durante a sua permanência em zonas civis, frequentemente dormiam em casas de palestinianos deslocados, enquanto traçavam uma linha invisível ao redor dessas áreas, criando zonas interditas de acesso para os habitantes locais. “Como é possível que as pessoas saibam que não podem atravessar essa linha imaginária?”, questionou.

Atravessar uma dessas zonas muitas vezes resulta em tiros, que podem atingir desde adultos até crianças a andar de bicicleta, observou.

O reservista referiu que, entre as tropas, é comum a crença de que os palestinianos são, na sua maioria, terroristas. “Não discutimos as consequências dos nossos atos em relação aos civis. O que nos dizem é que, se alguém entra nessas áreas, sabe que não deveria estar lá e, assim, é um potencial terrorista”, contou. Contudo, ele discorda, considerando-os apenas civis em situações desesperadoras.

O soldado também notou que os ataques levados a cabo pelo Hamas em 7 de outubro são frequentemente usados como justificativa para as ações das forças, criando uma falta de empatia por parte das tropas: “Muitos soldados acreditam que estão a fazer algo positivo”, disse.

Temendo represálias, o militar decidiu manter-se anónimo e expressou o seu desconforto com a situação, afirmando que participou de algo errado. “A guerra é uma tragédia tanto para nós como para os palestinianos e deve acabar”, destacou, lamentando a dificuldade da sociedade israelita em criticar as suas próprias ações e o exército. “Parece que poucos compreendem as reais consequências da guerra”, concluiu, esperando que a sua voz possa contribuir para uma mudança.

Em resposta às acusações, as IDF afirmaram que atuam de acordo com as suas regras de envolvimento e o direito internacional, envidando esforços para minimizar o impacto em civis. Um comunicado ressalta que as IDF focam-se em alvos militares, sem a intenção de atingir civis.

A guerra em Gaza teve início após os ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023, resultando em cerca de 1.200 mortos e mais de duzentos reféns. A resposta de Israel já causou a morte de mais de 57 mil pessoas e a destruição massiva das infraestruturas da região, forçando a deslocação de centenas de milhares de palestinianos.

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