Em Bergen-Belsen, autoridades denunciam a distorção e o esquecimento do Holocausto, reafirmando a importância de preservar este capítulo crucial da história.
Emoção e alerta marcaram a cerimónia realizada no antigo campo de concentração de Bergen-Belsen, onde, 80 anos após a libertação pelas tropas britânicas, líderes de Alemanha e Israel denunciaram a gradual desvalorização e o revisionismo histórico sobre a Shoah.
O presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, Josef Schuster, afirmou que “a memória do horror nunca pode ser relegada ao esquecimento”, sublinhando a vulnerabilidade do tratamento histórico face ao desaparecimento dos testemunhos dos que viveram estes momentos. Segundo Schuster, quanto menos testemunhas restarem, maior o risco de os factos se tornarem objeto de relativizações que atentam à veracidade dos acontecimentos.
Durante a homenagem, a vice-primeira-ministra britânica, Angela Rayner, alertou para as tentativas de reinterpretar os eventos, referindo que “o extermínio dos judeus, central nos delírios dos condenados, vai-se apagando cada vez mais da consciência coletiva”. Este alerta ecoou a necessidade de uma recordação contínua e activa, que nunca se contente apenas com a preservação passiva dos factos.
O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, recordou que Bergen-Belsen foi “um local onde a humanidade enfrentou os seus limites extremos e, apesar de tudo, a esperança persistiu”. Ele exortou que a memória dos sobreviventes e das vítimas não seja distorcida, afirmando: “Não há futuro sem verdade, nem justiça sem recordação”.
A cerimónia serviu, assim, como um apelo para que as gerações futuras mantenham sempre viva a lembrança de um dos períodos mais sombrios da humanidade, garantindo que a história seja contada com rigor e empatia.