A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, acusou os juízes de impedirem a deportação de imigrantes com registo criminal e defendeu a utilização de novos centros na Albânia para processamento de repatriamentos.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, voltou a manifestar a sua insatisfação com o sistema judicial do país, apontando o dedo aos tribunais que, segundo ela, estão a permitir que imigrantes com antecedentes criminais regressem a Itália por razões que considera "ideológicas". Esta declaração foi feita durante uma sessão de perguntas e respostas no Senado italiano, em Roma.
Meloni mencionou que os tribunais estão a ordenar o retorno de imigrantes com registos criminais a partir de dois novos centros de processamento e repatriamento (CPR) que foram recentemente estabelecidos na Albânia. Estes centros, inaugurados em outubro de 2024 devido a um acordado controverso com o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, foram inicialmente pensados para acolhimento de imigrantes clandestinos resgatados no mar.
A líder do governo de extrema-direita lamentou que o executivo tivesse que redirecionar esses centros para funções de CPR, após decisões judiciais que exigiram a devolução dos migrantes à Itália, alegando que os seus países de origem não eram seguros. "Optámos por utilizar os centros na Albânia para efetuar repatriamentos de imigrantes irregulares, mas alguns tribunais parecem estar a ignorar essa nova abordagem, decidindo reencaminhá-los para Itália", afirmou Meloni.
A primeira-ministra levou a debate o histórico criminal dos migrantes, referindo que muitos deles têm acusações graves, como furto, tentativa de homicídio e violência sexual. "Temos de ponderar muito bem a possibilidade de conceder proteção internacional a indivíduos com tais antecedentes. O nosso objetivo é repatriá-los, enquanto há quem queira mantê-los em Itália", sublinhou.
Apesar das dificuldades, Meloni assegurou que mais de 25% dos migrantes detidos na Albânia deverão ser repatriados até ao final da semana, o que, segundo ela, demonstra que a estratégia do governo está a funcionar, apesar dos entraves judiciais. "Queremos uma Itália que implemente as suas regras e proteja a segurança dos cidadãos", concluiu.
Além da crítica ao sistema migratório, Meloni reafirmou a intenção do seu governo de avançar rapidamente com uma reforma judicial, que eliminaria a possibilidade de alternância de funções entre juízes e procuradores, visando evitar laços estreitos entre estes profissionais. Contudo, esta proposta foi rejeitada pelo sindicato dos magistrados, que argumenta que as mudanças visam submeter os procuradores ao controlo do governo.