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Médicos exigem soluções para problemas nas urgências obstétricas em Lisboa

O Sindicato Independente dos Médicos alertou para falhas nas urgências obstétricas em Lisboa, após caso de gravidez de risco que resultou em tragédia, exigindo medidas para garantir a segurança das utentes.

04/07/2025 16:40
Médicos exigem soluções para problemas nas urgências obstétricas em Lisboa

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) fez um apelo urgente sobre as lacunas no acesso às urgências obstétricas na área de Lisboa, instando à implementação de medidas que previnam a realização de longos percursos ou tempos de espera que possam comprometer a segurança das utentes.

Este alerta surge na sequência de um triste episódio relatado pela RTP, em que uma grávida de 31 semanas, em situação de risco, perdeu o bebé após ser encaminhada para um hospital localizado a mais de uma hora da sua residência.

O SIM expressou, através de uma nota enviada à agência Lusa, a sua preocupação com as “fragilidades” existentes em Ginecologia e Obstetrícia, reforçando a necessidade de acesso rápido e seguro aos serviços de emergência, que são cruciais em situações delicadas.

O sindicato tem trabalhado de forma “construtiva e responsável” para apresentar soluções que minimizem as repercussões destas falhas e que assegurem um aumento real das equipas médicas. Propõe, entre outras coisas, “o fortalecimento da capacidade de planejamento e articulação entre instituições”, de modo a evitar que as utentes enfrentem longos trajetos ou esperas excessivas.

O SIM sugere ainda que, caso se opte por urgências metropolitanas, estas deverão ter incentivos financeiros adequados e melhores condições de trabalho para reter médicos nas equipas de emergência, de modo a garantir a experiência e a estabilidade necessárias.

Em relação à compensação aos profissionais, o sindicato critica a disparidade entre os salários dos médicos internos e os valores significativamente mais altos pagos a prestadores externos, propondo mecanismos que facilitem a mobilidade voluntária dos médicos para reforçar temporariamente os serviços sobrecarregados, sempre com a devida compensação e proteção da segurança profissional.

Adicionalmente, o SIM defende uma reformulação do atual regime de vagas carenciadas, sugerindo uma transição para um modelo focado em serviços carenciados. Este novo modelo consideraria um serviço como carenciado até que se atinja um determinado percentual das suas necessidades, valorizando os médicos que nele trabalham.

O sindicato acredita que essa abordagem criaria “incentivos reais” para a fixação e permanência de médicos em áreas com maior necessidade, uma vez que as carências variam bastante entre especialidades, hospitais e regiões.

Em contextos excepcionais, o SIM salienta que são necessárias respostas que não sejam coercitivas, mas sim construtivas, garantindo tanto o presente quanto o futuro.

A RTP relatou que a grávida do Barreiro tentou contactar a linha Saúde 24 sem sucesso, seguindo-se uma chamada para o 112, levando à intervenção dos bombeiros locais. A paciente foi transportada para Cascais, uma vez que as urgências do Hospital S. Bernardo, em Setúbal, que deveriam estar em funcionamento, alegadamente encerraram devido à sobrelotação — uma situação que o Ministério da Saúde refutou.

O Ministério assegura que a alegação de que a assistência foi recusada à grávida, devido ao encerramento dos serviços, não é verdadeira. A utente, com uma gravidez de 31 semanas, foi acompanhada por um médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação durante o trajeto até ao Hospital de Cascais, que dispensa apoio perinatal especializado.

Este é o segundo incidente em poucos dias em que uma grávida perdeu o bebé após buscar ajuda em urgências.

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