O Presidente da República defende a necessidade de uma reestruturação da base de apoio da UE, destacando a falência dos sistemas políticos atuais.
No encerramento da 18.ª cimeira Cotec Europa, realizada no Convento de São Francisco em Coimbra, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa expressou preocupações sobre a atual crise política da União Europeia. Segundo o chefe de Estado, a UE enfrenta um dilema associado a uma liderança ultrapassada e a sistemas institucionais obsoletos, mencionando que a essencialidade não reside em questões económicas, mas sim em desafios políticos.
Marcelo afirmou que o "tempo perdido" na tomada de decisões políticas e as questões relacionadas com a obsolescência dos sistemas têm contribuído para o esvaziamento do apoio ao projeto europeu. "É fundamental resolver as questões políticas na raiz do apoio ao projeto europeu", ressaltou.
Durante a sua intervenção, o Presidente sublinhou que as instituições como a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu carecem da força necessária para tomar decisões se estas forem contestadas por um número significativo de Estados-membros. "A unidade europeia requer uma nova base de apoio, Estado-membro a Estado-membro", defendeu, alertando para a possibilidade de a Europa se fragmentar em grupos de países.
Além disso, Marcelo afirmou que a União Europeia "perdeu tempo" na adaptação às novas formas de liderança e de comunicação rápida exigidas pelo mundo contemporâneo. O chefe de Estado observou que muitos planos ainda não foram concretizados um ano após a sua proferição.
Apesar de reconhecer que a Europa detém valores corretos, destacou que faltam os instrumentos adequados para implementar esses valores de forma eficaz. Alertou ainda que a base de apoio moderado nas democracias está a enfraquecer, enquanto os movimentos radicais ganham força, exacerbados por crises e a pressão externa.