Lula da Silva promete reciprocidade em resposta às tarifas de Trump
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, garante alternativas diplomáticas à imposição de uma taxa de 50% pelos EUA e defende a lei da reciprocidade em caso de falta de negociação.

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou hoje que existem várias opções diplomáticas para reagir à taxa de 50% introduzida pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um vídeo que se tornou viral na rede social X durante uma entrevista com uma repórter da Record, Lula enfatizou a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e de abrir investigações conjuntas com outros países, solicitando coerência por parte dos EUA.
"Acredito que devemos tentar sempre negociar, mas se não houver espaço para diálogo, a lei da reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional será implementada. Se ele [Trump] impuser 50% de taxa, nós faremos o mesmo", afirmou Lula da Silva.
O Presidente brasileiro ainda se mostrou surpreso com o anúncio da tarifa, questionando a autenticidade da comunicação de Trump e ressaltando a importância do respeito nas relações bilaterais, especialmente considerando os 201 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
A tarifa, anunciada por Trump, entrará em vigor no dia 1 de agosto e, segundo o líder norte-americano, justifica-se pela forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta problemas legais no seu país após a derrota nas eleições de 2022.
Trump também criticou a relação comercial entre Brasil e EUA, considerando-a injusta devido a supostos desequilíbrios nas políticas tarifárias brasileiras. Por sua vez, Lula defendeu a autonomia da justiça brasileira e fez um paralelo com eventos nos EUA, afirmando que se situações semelhantes ocorressem no Brasil, estariam a ser processadas na esfera judicial.
Ainda assim, desde 2009, o Brasil regista um déficit comercial com os Estados Unidos, tendo importado mais do que exportou nos últimos anos. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que, desde 1997, o Brasil comprou 50 mil milhões de dólares a mais do que vendeu aos norte-americanos.
Lula da Silva reafirmou que Trump não deve acreditar que é "o xerife do mundo" e argumentou que o Brasil tem o poder de buscar novos parceiros comerciais, observando que as trocas com os EUA representam apenas 1,7% do PIB brasileiro. "Não precisamos depender apenas dos Estados Unidos. Tentaremos negociar, mas a reciprocidade é essencial. O mandato de um presidente é limitado, em breve pode haver outro que esteja disposto a dialogar", concluiu.