Em 2024, a inflação em Angola atingiu 27,5%, com Luanda a ser responsável por 70% dessa variação. O setor alimentar e de saúde foram os principais responsáveis pela subida dos preços.
Em 2024, a inflação em Angola alcançou o valor de 27,5%, sendo a província de Luanda o principal motor desse aumento, contribuindo com cerca de 70% para a variação anual do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), conforme indica o relatório anual do Banco Nacional de Angola (BNA).
Segundo o documento, a inflação atingiu o seu pico em julho, com uma taxa de 31,09%, antes de iniciar uma desaceleração, terminando o ano nos 27,5%. Dentre as categorias relevantes, os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, os bens e serviços diversos e o setor da saúde destacaram-se como os fatores que mais impactaram os preços.
A capital de Angola, Luanda, apresentou a maior taxa de inflação anual de 32,45%, um aumento significativo face aos 26,92% registados em 2023. Seguiu-se a província de Cabinda, que viu a sua inflação crescer para 29,27% em 2024, comparativamente aos 15,17% do ano anterior, consequência da redução na oferta de alimentos devido a problemas na cadeia de abastecimento, particularmente no corredor logístico Luanda-Luvo-Noqui e na fronteira com a República Democrática do Congo.
Para tentar conter a inflação, o Comité de Política Monetária do BNA decidiu aumentar a taxa de juro básica para 19,5% no primeiro semestre, mantendo-a estável até ao final do ano, e reforçou o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional.
Apesar de uma desaceleração da inflação na segunda metade do ano, os preços mantêm-se elevados, impactando diretamente o poder de compra das famílias angolanas. Em março de 2025, a taxa de inflação homóloga situou-se em 23,85%.
O mesmo relatório destacou que, em 2024, a economia de Angola cresceu 4,4%, impulsionada principalmente pelo setor não petrolífero, que cresceu 5%, enquanto o sector petrolífero teve um aumento de 2,8%.
Outro aspecto relevante foi a desvalorização do kwanza, que caiu 9,12% face ao dólar, representando uma diminuição mantida em relação à queda de 39,23% observada no ano anterior.
O BNA também reportou um aumento de 7,07% nas reservas internacionais, totalizando 15,77 mil milhões de dólares, o que equivale a uma cobertura de 8,3 meses de importações de bens e serviços. Adicionalmente, o stock do crédito à economia teve um crescimento de 31,6%, embora o rácio de incumprimento bancário tenha subido para 19,2%, evidenciando os riscos persistentes no sistema financeiro angolano.