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Lixo plástico proveniente da Ásia polui praias de Cabo Verde

há 14 horas

Garrafas de plástico de países asiáticos foram encontradas em praias de Cabo Verde, na mais recente ação de limpeza organizada pela ONG Biosfera, revelando a extensão da poluição marinha.

Lixo plástico proveniente da Ásia polui praias de Cabo Verde

Durante uma ação de limpeza realizada na costa norte da ilha de São Vicente, a ONG Biosfera recolheu garrafas de plástico com rótulos da Malásia, China e Singapura, evidenciando como os resíduos marítimos podem viajar longas distâncias. Hércules Sousa, membro da organização, partilhou com a Lusa que, apesar de as garrafas ainda apresentarem os rótulos, eram numerosas no total de 680 quilos de lixo recolhidos por 73 voluntários no último sábado de abril.

A iniciativa fez parte de um esforço mais amplo em 2024, em que a Biosfera arrecadou 3,2 toneladas de lixo com a ajuda de 350 voluntários. Este esforço incluiu a remoção de cerca de 62 toneladas de resíduos durante a megacampanha anual na ilha desabitada de Santa Luzia, uma zona vital para a desova de tartarugas.

O Design das correntes oceânicas contribui para que este detrito chegue ao arquipélago, originando de rios ou navios que atravessam os mares. Contudo, a Biosfera apenas atua em duas das dez ilhas do país. “Isto tem um impacto direto nos ecossistemas, especialmente na fauna marinha, que muitas vezes fica presa em argolas ou garrafas, pondo em risco a sua sobrevivência”, alertou Sousa, referindo casos de tartarugas que acabam morrendo devido a esse tipo de poluição.

Além do impacto sobre os animais marinhos, há consequências para a saúde humana. A entrada de microplásticos na cadeia alimentar já foi documentada, com a deteção dessas partículas no sangue humano e no leite materno, conforme relatórios divulgados em plataformas científicas respeitáveis.

Para além da ação de limpeza, a Biosfera busca soluções para gerir o lixo. Apesar de alguns resíduos virem de muito longe, Cabo Verde enfrenta desafios na reciclagem, especialmente em relação ao tipo de plástico utilizado nas garrafas, que é difícil de reutilizar e frequentemente acaba sendo queimado de forma inadequada.

Atualmente, a maior parte do lixo recolhido é incinerada a céu aberto, revelando um problema significativo. Em Santa Luzia, a Biosfera armazenou entre 180 a 190 toneladas de resíduos com segurança, à espera de uma solução logística adequada.

A organização também promove iniciativas de reciclagem, como a Plasticina, e o projeto Simili, que transforma redes de pesca descartadas em produtos inovadores. Para a edição deste ano da megacampanha de limpeza de Santa Luzia, que se realizará entre 31 de maio e 16 de junho, estão abertas inscrições para os voluntários, que serão divididos em grupos de 20 para uma estadia de seis dias na ilha. O objetivo é limpar as áreas de nidificação das tartarugas antes da chegada destas, assegurando assim a continuidade da espécie.

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#LimpezaMarinha #ProtecaoDaFauna #CaboVerde