Lifestyle

Ligação entre Gabapentina e Aumento do Risco de Demência em Pacientes com Dor Lombar

Um estudo revela que o uso do medicamento gabapentina para dor lombar crónica pode estar associado a um maior risco de demência e comprometimento cognitivo leve.

há 13 horas
Ligação entre Gabapentina e Aumento do Risco de Demência em Pacientes com Dor Lombar

Uma investigação recente levada a cabo por uma equipa da Faculdade de Medicina da Case Western Reserve University, da Arizona State University e do MetroHealth Medical Center, nos EUA, encontrou uma associação preocupante entre o uso do medicamento gabapentina e o aumento de casos de demência, bem como de comprometimento cognitivo leve.

A pesquisa analisou 26.416 registos de pacientes a sofrer de dor lombar crónica, focando-se nas prescrições do anticonvulsivante gabapentina, frequentemente utilizado para o alívio da dor nos nervos e epilepsia.

Os resultados indicaram que indivíduos com seis ou mais receitas de gabapentina tinham uma probabilidade 29% maior de serem diagnosticados com demência, e 85% mais de sofrerem de comprometimento cognitivo leve ao longo de uma década.

O aumento do risco observou-se particularmente em pacientes com idades entre os 35 e 49 anos, e foi proporcional ao número de prescrições. Embora o estudo não estabeleça uma relação de causa e efeito, os investigadores recomendam que os médicos prestem atenção especial a estes pacientes.

"A utilização de gabapentina em adultos com dor lombar crónica está ligada a um incremento no risco de demência e comprometimento cognitivo, principalmente em adultos mais jovens", mencionaram os autores na pesquisa publicada, citada pelo Science Alert.

A gabapentina, disponível comercialmente sob várias marcas, como Neurontin, é considerada menos viciante do que opioides, o que contribuiu para um aumento na sua prescrição nos últimos anos. No entanto, o fármaco é conhecido por alguns efeitos colaterais, como alterações de humor e reações alérgicas.

Estudos prévios sobre a gabapentina e a demência apresentaram resultados variados, o que torna esta investigação atual muito relevante, dado o tamanho considerável da amostra. Um estudo de 1997, por exemplo, não encontrou uma ligação entre a gabapentina e o declínio cognitivo em pacientes com epilepsia, destacando a necessidade de mais investigação.

A discrepância nos resultados poderá estar relacionada a fatores específicos associados à dor lombar que motivam a prescrição de gabapentina, o que também poderia agravar o risco de demência. A ação da gabapentina, que atenua alguns dos principais canais de comunicação do cérebro, levanta preocupações sobre a possibilidade de estar a prejudicar as conexões neuronais, contribuindo para a demência.

A demência é uma condição complexa de estudar, dada a variedade de fatores envolvidos, mas cada investigação ajuda a elucidar como o funcionamento cerebral se deteriora ao longo do tempo.

Os investigadores esperam que este estudo encoraje novas pesquisas para determinar se a gabapentina desempenha realmente um papel no desenvolvimento da demência e quais os mecanismos que poderiam estar por trás dessa potencial relação.

#Demência #Gabapentina #SaúdeMental