Cultura

Joaquim Surumali: Guardião da Cultura Timorense Através da Joalharia

Na sua oficina em Díli, Joaquim Surumali transforma elementos culturais de Timor-Leste em joias do dia a dia, garantindo a preservação da sua rica tradição.

há 14 horas
Joaquim Surumali: Guardião da Cultura Timorense Através da Joalharia

Numa pequena oficina situada em Tasi Tolu, Díli, Joaquim Surumali desempenha um papel crucial na preservação do património cultural de Timor-Leste. Ele recria em forma de joias peças que são utilizadas em casas sagradas e em celebrações tradicionais.

Um exemplo é o kaebauk, um ornamento feito com chifres de búfalo que simboliza o sol e representa força e proteção. Na oficina de Joaquim, este elemento icónico é transformado em brincos e pendentes que podem ser usados no dia a dia. Da mesma forma, o belak, um disco de bronze que representa a lua, também é convertido em brincos, trazendo consigo a magia da tradição timorense.

Os colares conhecidos como morten são igualmente populares. Com a sua cor vibrante laranja, estes colares são considerados trazedores de sorte e protegem contra energias negativas.

Joaquim, de 34 anos, partilha que a sua ligação à joalharia é hereditária. "O meu pai moldava o belak e o kaebauk desde o tempo colonial, e a tradição continua a ser mantida pelos meus irmãos e irmãs", conta com orgulho.

Este artesão utiliza ouro, prata ou bronze, dependendo das preferências dos clientes. Embora a matéria-prima seja maioritariamente adquirida em Timor-Leste, muitos dos materiais provêm da Indonésia ou de Singapura devido à escassez de recursos no país.

De acordo com Joaquim, o custo de uma joia pode variar, com um belak de ouro puro a custar até 600 dólares e um morten cerca de 100 dólares. "Temos muitos timorenses que compram estas joias, mas também atraímos muitos portugueses, principalmente professores, que valorizam a singularidade das nossas peças", explica.

A demanda por estas joias tradicionais tem contribuído para o rendimento mensal de Joaquim, que pode alcançar até 500 dólares, dependendo do número de clientes que visita a sua oficina.

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