Israel orienta médicos a evacuar Gaza em preparação para ofensiva
O exército israelita começou a solicitar a médicos em Gaza que se desloquem para o sul, enquanto intensificam os preparativos para a conquista da cidade, conforme comunicado militar.

Na passada terça-feira, a COGAT, a autoridade militar israelita responsável pelos territórios palestinianos, iniciou um contato com médicos e trabalhadores de organizações humanitárias em Gaza, especificamente no norte, pedindo que se deslocassem para o sul da Faixa. Esta ação faz parte de uma estratégia relacionada com a futura tomada da cidade de Gaza, conforme anunciado pelas forças armadas israelitas.
A COGAT alertou que, como parte dos procedimentos de transferência da população de Gaza, as organizações de saúde devem elaborar um plano para mover as suas equipas médicas do norte para o sul, assegurando que todos os pacientes na região sul tenham cuidados adequados. Os militares informaram que os hospitais do sul estão a ser preparados para receber doentes e feridos, com um aumento no fornecimento de equipamentos médicos, de acordo com as solicitações das entidades internacionais.
Através de uma gravação divulgada, um representante do COGAT fez uma chamada a um funcionário de saúde, reiterando a necessidade de evacuação antecipada da cidade de Gaza, de modo a garantir que os hospitais no sul estivessem prontos para acolher os pacientes em necessidade.
Ainda segundo a gravação, foi prometido aos médicos que teriam alojamento, seja em hospitais de campanha ou outras instalações médicas. Contudo, a EFE não conseguiu confirmar se médicos da região receberam esse aviso por parte da COGAT.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, instruiu o exército a acelerar os prazos para assegurar o controle dos bastiões terroristas e destruir o Hamas. Pouco tempo depois, as forças israelitas relataram já ter o controle das entradas da capital do enclave palestiniano.
A ofensiva envolve cinco divisões do exército e a mobilização de 60.000 reservistas adicionais, segundo informações da agência France-Presse (AFP). O plano consiste na deslocação da população de Gaza, mas Philippe Lazzarini, chefe da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, expressou preocupação, afirmando que muitos palestinianos podem não ter forças para se mover.
Após quase dois anos de conflito, a população está debilitada e enfrenta uma grave crise alimentar, principalmente as crianças, cuja taxa de desnutrição grave aumentou seis vezes desde março, conforme relatórios da UNRWA. Lazzarini alertou que, sem medidas imediatas, muitas dessas crianças correm risco de morte.
A escalada do conflito em Gaza teve início com o ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.200 mortes e 250 reféns. Desde então, a ofensiva israelita já causou mais de 62.100 mortes, de acordo com o governo do Hamas, que controla o território desde 2007. O grupo é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.