Economia

Impacto das Manifestações e Ciclones Reduz PIB de Moçambique em 2024

O Governo moçambicano prevê que o PIB de 2024 fique 10,14% abaixo do potencial, afetado pela crise pós-eleitoral e ciclones, perspetivando restrições até 2025.

14/08/2025 09:25
Impacto das Manifestações e Ciclones Reduz PIB de Moçambique em 2024

O Governo de Moçambique projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) ficará em 2024 cerca de 10,14% abaixo do seu potencial, resultado das tensões sociais pós-eleitorais e do impacto devastador dos ciclones, conforme revelado em comunicados oficiais consultados pela Lusa.

No Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP), recentemente aprovado, a previsão indica que esta diferença foi ainda mais significativa em 2022, quando o PIB esteve 12,50% abaixo do que poderia ser. Para o ano de 2025, espera-se que a economia continue a enfrentar desafios, com um desvio de 2,78% do seu potencial.

O documento enfatiza que a economia opera de forma substancialmente inferior à sua capacidade, sendo este comportamento maioritariamente atribuído ao contexto de crises sociais e ao impacto do ciclone Chido, registado em dezembro de 2024. Embora haja esperançosas perspetivas de recuperação em 2025, o hiato do PIB permanecerá negativo por algum tempo devido a efeitos cumulativos já instalados.

O relatório sublinha que a mudança nesse cenário só deverá ser observada em 2026, com a implementação de iniciativas focadas na revitalização económica. Ademais, o documento alerta para riscos fiscais exógenos, como desastres naturais e insegurança regional, que podem agravar ainda mais a situação económica.

A localização de Moçambique aumenta a sua vulnerabilidade a fenómenos climáticos extremos, os quais impactam tanto a população como as infraestruturas, afetando a estabilidade socioeconómica e fiscal. A ministra das Finanças, Carla Loveira, destacou que a situação económica do país continua a ser "desafiante", reconhecendo os impactos dos conflitos sociais persistentes.

Nos últimos anos, a gestão macroeconómica enfrentou severos obstáculos, incluindo terrorismo em Cabo Delgado e as manifestações violentas após as eleições de 09 de outubro. Estas culminaram na destruição de infraestruturas essenciais e provocaram uma desaceleração económica significativa em 2024, com uma redução de 3,6% pontos percentuais no crescimento do PIB.

No primeiro trimestre de 2025, o PIB apresentou uma variação negativa de 3,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, com impactos maiores no setor secundário e terciário, que registaram variações negativas de 16,2% e 8%, respetivamente.

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